segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O ATENTADO TERRORISTA EM FRANÇA E ÀS NOSSAS PERCEPÇÕES PERANTE A COBERTURA MEDIATICA (…)


Bento dos Santos

Fui tentado, sem atentado, e confesso que acedi a auto-tentação de escrever este breve artigo sobre algumas ilações e percepções sobre o tema referenciado em epígrafe. Tal facto deveu-se a constante similaridade entre vários pronunciamentos de alguns ciclos de discussão, sobre temas de índole político e social, neste caso específico sobre a forma como alguns países europeus reagiram em solidariedade a tamanha barbaridade quando ocorrida no seu espaço territorial (continente europeu). Neste particular, refiro-me a reacção «» da cobertura da media europeia perante aos acontecimentos nefastos que tiraram a vida a mais de uma centena de cidadãos, entre franceses, portugueses e demais nacionalidades do mundo.

Não farei deste artigo, mais uma voz da amplificação dos factos ocorridos no dia 13 de Novembro em França, até porque, entre os muitos, vários não se encontram. Procurarei sim, reflectir sobre o tema na perspectiva de algumas ilações perceptivas de fórum interno.

Entre a solidariedade internacional, onde mais uma vez o valor da vida fica patente pelo repúdio das vozes da humanidade, uma questão se tem levantado, consistindo na suposta razão da motivação dos terroristas para a prática de acções tão nefastas para a humanidade. Entre estás incompreensões injustificadas às potências mundiais parecem ficar reféns de si mesmas quando por um lado promovem a destituição de regimes e por outro defendem a não ingerência nos assuntos dos estados soberanos. Já agora suscita-me uma outra questão. Existem estados ou nação não soberana? Parece-me que sim… Talvez a Palestina…Mas este é outro assunto para outras linhas ortográficas.

De momento a questão prende-se mesmo na cobertura jornalística a tempo integral e numa pauta de 24/24 horas das ocorrências terrorista em França cuja dimensão despertou algumas críticas cá entre nós, do tipo: é lamentável, mas situações similares e mais graves ocorrem diariamente em países africanos e não se conhece tão ampla cobertura da media. Por exemplo, até que ponto os países africanos são solidários entre si, com manifestações de repulsa contra as acções dos grupos radicais como por exemplo o Boko Haram?

Pórem, hoje a media ocidental faz eco que sob forma de retaliação o governo Francês através do seu ministério da defesa fez saber que cerca de vinte bombas foram lançadas na Síria onde supostamente está localizado o bastião do auto designado estado islâmico, e vários alvos foram atingidos. Segundo o governo Francês às bombas destruíram os seguintes alvos: um centro de comando, um depósito de munições e um campo de treino para combatentes.

Entretanto, o jornal The Guardian faz referência que foi identificado um dos alegados cabecilhas dos ataques de Paris, no caso o cidadão belga Abdelhamid Abaaond de 27 anos que estará actualmente na Síria. Ainda pela negativa mais acentuada o cidadão mais conhecido do bairro Molenbeek é Abdelhamid Abaaond, um cidadão belgo-marroquino que vive a cerca de dois anos na Siria e ficou conhecido quando postou uma serie de fotos “sorrindo” ao volante de um camião carregado de cadáveres.

Abaaond é considerado o líder de uma célula de terrorismo desmembrada em Janeiro na cidade de Verviers e suspeita-se que foi ele quem planificou os atentados de Paris.

E não é tudo. O ministério da justiça da Bélgica estima que entre os 500 e 800 Belgas se envolveram no conflito Sírio, o que faz do país o principal fornecedor de combatentes europeus em relação a sua população.

Importa frisar que este mesmo individuo já estaria referenciado pelas autoridades como sendo altamente perigoso. O bairro Molenbeek-Saint-Jean localizado em Bruxelas (Bélgica) tido como o celeiro do terrorismo na europa não foi bombardeado como forma de demostrar a força bélica dos franceses. Tão mau quanto outros males, às bombas que desfradaram na Síria não matam apenas terroristas, são inúmeras às vezes que vimos crianças, bebés, mulheres, idosos, entre outros a serem vitimas destas atrocidades.

Contudo o cientista político Dave Sinardat da universidade livre de Bruxelas (VUB) afirma que a composição social do bairro também contribui para torna-lo um terreno fértil para radicalização. O mesmo afirma: “é um dos bairros mais pobres e mais jovens do país, com um alto nível de desemprego”.

Infelizmente às bombas de represarias não matam apenas os inimigos da paz, aliás às bombas são também inimigas da paz. Nesta altura às Nações Unidas (ONU) o quê faz?

Quanto a retórica suscitada, voltamos a questão… - Reclamar a cobertura da media europeia ou da solidariedade europeia, porque nos apegarmos a boleia da europa, nós africanos não temos imprensa? Nós africanos não temos meios e órgãos da comunicação social? A quem devemos culpar ou responsabilizar se não darmos a devida dignidade no tratamento dos nossos problemas, junto da opinião pública?

Sem respostas de outros fóruns, acho que perante às retóricas transcritas enquadra-se o pensamento de William J. Bennett que importa transcrever “Nada de bom pode vir a uma nação, cujo povo reclama e espera que outros resolvam os seus problemas. Deus concede os seus dons a quem trata dos seus problemas por conta própria”. Conforme consta na obra literária “Pensar Social, Exercer Cidadania” pág. 147.

Refuto: - Só dimensiona a perca, quem realmente está ligado a ela. Por isso, acho que este pensamento aplica-se nas mais distintas inquietações que enquadram-se ao tema em referência. Portanto, boa reflexão.

 

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