Bento dos Santos
Fui tentado, sem
atentado, e confesso que acedi a auto-tentação de escrever este breve artigo
sobre algumas ilações e percepções sobre o tema referenciado em epígrafe. Tal
facto deveu-se a constante similaridade entre vários pronunciamentos de alguns
ciclos de discussão, sobre temas de índole político e social, neste caso
específico sobre a forma como alguns países europeus reagiram em solidariedade
a tamanha barbaridade quando ocorrida no seu espaço territorial (continente
europeu). Neste particular, refiro-me a reacção «» da cobertura da media
europeia perante aos acontecimentos nefastos que tiraram a vida a mais de uma centena
de cidadãos, entre franceses, portugueses e demais nacionalidades do mundo.
Não farei deste artigo,
mais uma voz da amplificação dos factos ocorridos no dia 13 de Novembro em
França, até porque, entre os muitos, vários não se encontram. Procurarei sim,
reflectir sobre o tema na perspectiva de algumas ilações perceptivas de fórum
interno.
Entre a solidariedade
internacional, onde mais uma vez o valor da vida fica patente pelo repúdio das
vozes da humanidade, uma questão se tem levantado, consistindo na suposta razão
da motivação dos terroristas para a prática de acções tão nefastas para a
humanidade. Entre estás incompreensões injustificadas às potências mundiais
parecem ficar reféns de si mesmas quando por um lado promovem a destituição de
regimes e por outro defendem a não ingerência nos assuntos dos estados
soberanos. Já agora suscita-me uma outra questão. Existem estados ou nação não
soberana? Parece-me que sim… Talvez a Palestina…Mas este é outro assunto para
outras linhas ortográficas.
De momento a questão prende-se
mesmo na cobertura jornalística a tempo integral e numa pauta de 24/24 horas
das ocorrências terrorista em França cuja dimensão despertou algumas críticas
cá entre nós, do tipo: é lamentável, mas situações similares e mais graves
ocorrem diariamente em países africanos e não se conhece tão ampla cobertura da
media. Por exemplo, até que ponto os países africanos são solidários entre si,
com manifestações de repulsa contra as acções dos grupos radicais como por
exemplo o Boko Haram?
Pórem, hoje a media
ocidental faz eco que sob forma de retaliação o governo Francês através do seu
ministério da defesa fez saber que cerca de vinte bombas foram lançadas na
Síria onde supostamente está localizado o bastião do auto designado estado
islâmico, e vários alvos foram atingidos. Segundo o governo Francês às bombas
destruíram os seguintes alvos: um centro de comando, um depósito de munições e
um campo de treino para combatentes.
Entretanto, o jornal
The Guardian faz referência que foi identificado um dos alegados cabecilhas dos
ataques de Paris, no caso o cidadão belga Abdelhamid Abaaond de 27 anos que
estará actualmente na Síria. Ainda pela negativa mais acentuada o cidadão mais
conhecido do bairro Molenbeek é Abdelhamid Abaaond, um cidadão belgo-marroquino
que vive a cerca de dois anos na Siria e ficou conhecido quando postou uma
serie de fotos “sorrindo” ao volante de um camião carregado de cadáveres.
Abaaond é considerado o
líder de uma célula de terrorismo desmembrada em Janeiro na cidade de Verviers
e suspeita-se que foi ele quem planificou os atentados de Paris.
E não é tudo. O
ministério da justiça da Bélgica estima que entre os 500 e 800 Belgas se
envolveram no conflito Sírio, o que faz do país o principal fornecedor de
combatentes europeus em relação a sua população.
Importa frisar que este
mesmo individuo já estaria referenciado pelas autoridades como sendo altamente
perigoso. O bairro Molenbeek-Saint-Jean localizado em Bruxelas (Bélgica) tido
como o celeiro do terrorismo na europa não foi bombardeado como forma de
demostrar a força bélica dos franceses. Tão mau quanto outros males, às bombas
que desfradaram na Síria não matam apenas terroristas, são inúmeras às vezes
que vimos crianças, bebés, mulheres, idosos, entre outros a serem vitimas
destas atrocidades.
Contudo o cientista
político Dave Sinardat da universidade livre de Bruxelas (VUB) afirma que a
composição social do bairro também contribui para torna-lo um terreno fértil
para radicalização. O mesmo afirma: “é um dos bairros mais pobres e mais jovens
do país, com um alto nível de desemprego”.
Infelizmente às bombas
de represarias não matam apenas os inimigos da paz, aliás às bombas são também
inimigas da paz. Nesta altura às Nações Unidas (ONU) o quê faz?
Quanto a retórica
suscitada, voltamos a questão… - Reclamar a cobertura da media europeia ou da
solidariedade europeia, porque nos apegarmos a boleia da europa, nós africanos
não temos imprensa? Nós africanos não temos meios e órgãos da comunicação
social? A quem devemos culpar ou responsabilizar se não darmos a devida
dignidade no tratamento dos nossos problemas, junto da opinião pública?
Sem respostas de outros
fóruns, acho que perante às retóricas transcritas enquadra-se o pensamento de
William J. Bennett que importa transcrever “Nada de bom pode vir a uma nação,
cujo povo reclama e espera que outros resolvam os seus problemas. Deus concede
os seus dons a quem trata dos seus problemas por conta própria”. Conforme
consta na obra literária “Pensar Social, Exercer Cidadania” pág. 147.
Refuto: - Só dimensiona
a perca, quem realmente está ligado a ela. Por isso, acho que este pensamento
aplica-se nas mais distintas inquietações que enquadram-se ao tema em
referência. Portanto, boa reflexão.
Sem comentários:
Enviar um comentário