sexta-feira, 24 de setembro de 2021

EM ANGOLA PESSIMISMO ESTA NA MODA

Por: Bento José dos Santos Estudos científicos que tiveram a participação de três instituições europeias desenvolvidos pela Universidade de Oxford da Grã-Bretanha, provaram que o pensamento negativo pode ter consequências nocivas na saúde dos pacientes. Segundo o referenciado estudo, publicado pela revista "Science Translational Medicine" não basta que um médico atenda um paciente e prescreva um remédio sem haver um vínculo terapêutico. A prática quotidiana do pessimismo pode ser identificada em algumas conversas que decorrem em certos locais como por exemplo no interior de um táxi, em ambientes familiares, nos bares e similares e ultimamente nas redes sociais, que tem servido de espaço para debates e muitas conclusões absolutistas sobre temas do interesse público. Curiosamente, a predominância dos assuntos ligados a política, a economia e ultimamente a segurança pública e a vida privada de pessoas ligadas ao ciclo do poder político, parecem ser os mais interessantes para tramitar na sentença pública de quem se acha na condição de juiz. Os temas vão para o crivo público nos diversos contextos acima referenciados, partem do pressuposto que não têm nada de positivo para a população. A ideia absolutistas de que tudo está mal, parte de quem se revê na condição de vítima da actual conjuntura social que mais parece o fim que tende a sair do mal para o pior. Entre os intervenientes dos debates, alguns se acham imparciais, e donos da razão. E porque alimentam o seu próprio ego revelando serem pessoas excessivamente críticas, mas que merecem o pedestal da glória porque de forma ilusória são mais espertos, mais inteligentes que todos; afinal, supõem que são eles os iluminados que vêem erros e falhas em tudo e todos. Na ciência classificamos os pessimistas como sendo as pessoas que interpretam as dificuldades como fracassos e esperam que as situações que vivenciam sempre terão um desfecho negativo e pior. Os pessimistas estão na moda! Quem assiste o programa da TV, Y ou escuta a rádio X quem lê o jornal Z ou quem faz uma publicação cujo conteúdo é pejorativo para alguém, de preferência alguém com responsabilidade pública, aquele que agiu criticando é recompensado com o título de parecer "ser muito inteligente". Os pessimistas vivem permanentemente sob stress. Não é mera coincidência que em Angola, entre outros factores associados, como por exemplo a má alimentação, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, também destacam-se os factores originários do Stress como impulsionadores dos casos que dão origem aos Acidentes Cardiovasculares (AVC) como sendo uma entre as principais causas de morte na população jovem e adulta. Desta forma os pessimistas que estão na moda acham que, ao descredibilizar o papel das instituições e dos seus agentes, enquanto servidores públicos passam a ser os dignos merecedores do pseudo "galardão" da recompensa para o ego. Mas a surdina não percebe que é mais uma vítima da sociedade do espectáculo, assim designam algumas teorias da Comunicação. É preciso realçar que as sociedades onde a população é vítima das constantes campanhas para a adesão do pessimismo, geralmente faz com que as pessoas se tornam cépticas ou negativistas o que tem impacto nas distintas áreas da vida social, como por exemplo as pessoas não acreditam nos programas económicos, as pessoas também não acreditam nas instituições de saúde, entre outras consequências. O pessimismo causa consequências negativas e prejudiciais para sociedade. Compete ao governo, por meio das instituições afins, trabalhar afincadamente para despertar a moral colectiva da sociedade, reduzindo o espaço que o pessimismo tem alcançado na nossa sociedade, por formas, a termos cidadãos mais participativos e incluídos no desenvolvimento do nosso país.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

LÍDERES POPULISTAS OU LÍDERES IRRESPONSÁVEIS?

 Por: Bento dos Santos


Inúmeros apoiantes do presidente cessante do Estados Unidos de América (EUA) Donald Trump invadiram no dia sete (07/01/021) o Capitólio dos EUA, forçando a interrupção da sessão do Congresso que certificaria a vitória de Joe Biden como o candidato vencedor das eleições presidenciais dos EUA. 

Nesta era da modernidade quando ocorrem situações desta natureza que envolve líderes de massas devemos fazer algumas análises quanto ao acontecimento descrito no primeiro parágrafo, relativamente ao nível de responsabilidade ou irresponsabilidade que alguns líderes mundiais vão tendo ao longo da história, quando de forma extremista e inconsequente decidem fazer o uso da palavra para expressar frases que ao ser assumidas como factor de comportamento das massas causam consequências negativas nas diferentes sociedades humanas. 

A mais recente e inconsequente irresponsabilidade discursiva do campo da política internacional, foi o pronunciamento feito pelo presidente Norte Americano Donald Trump. Com o seu jeito autoritário, sempre ávido pelo reconhecimento público, Donald Trump após tomar conhecimento da publicação dos resultados das eleições realizadas no seu país os EUA tornou público o que lhe ia na mente; e não aceitando os resultados afirmou que: “As eleições foram fraudulentas”. Alegando que os resultados das eleições então apresentados não correspondiam a vontade da maioria dos eleitores norte-americanos. 

Os resultados das eleições realizadas no dia 3 de Novembro de 2020 nos EUA concederam a Joe Biden o candidato do partido dos democratas, como sendo o candidato eleito ao cargo de novo Presidente dos Estados Unidos de América. 

O caso dos resultados das eleições presidenciais dos EUA não tem passado despercebido no contexto da formação da opinião pública internacional. Em parte, tal facto se deve pelo privilegiado posicionamento enquanto os EUA é uma potência mundial, e porque, muitas vezes se propaga que nos EUA vigora a democracia plena. Será? 

Convém reconhecermos que pelo mundo, são inúmeros os casos onde podemos identificar o poder de influência por meio do uso da palavra, o que tem merecido por parte vários estudiosos do campo da comunicação, e de outras áreas do saber, a devida atenção no campo da pesquisa, quanto a busca do entendimento dos factores, causas e consequências destas influências. 

Sem desprimor do que eventualmente ainda se pode dizer sobre o caso relacionado com o resultado das eleições presidenciais realizadas nos EUA, também nos interessa reflectir sobre algumas consequências oriundas da negação dos resultados das eleições por parte do presidente Donald Trump. 

Tenhamos a coragem de reconhecer que a tentativa «consumada» do assalto ao Capitólio, por parte dos apoiantes do partido Republicano e obviamente apoiantes do presidente Donald Trump, foi uma acção macabra, que segundo as informações publicadas pela imprensa o acto vil chegou a causar quatro mortos e vários danos materiais, e tão grave quanto os dá-nos revelados é a imagem negativa que se associa a falta de maturidade política colectiva de um grupo de cidadãos norte-americanos que revelam falta de cultura democrática para conviver na senda da diferença de opções políticas, o que belisca a suposta imagem então imaculada dos EUA ser o país da liberdade plena. 

Poucas horas antes da invasão do Capitólio, Donald Trump falou aos seus apoiantes em Washington para repetir que a eleição lhe foi “roubada pelos radicais democratas” e para os instigar a agir para “travar o roubo”. O balanço de quatro mortos, diversos dá-nos materiais e prejuízos financeiros devido a irresponsabilidade do líder de uma das maiores potenciais mundiais, deveu-se ao facto de Donald Trump enquanto candidato do partido Republicano e mesmo nas vestes de presidente dos EUA frequentemente fazer recurso aos chavões populistas, em detrimento da assunção de uma postura fundamentada na ética por formas a que, as pessoas possam conviver de forma sã. 

Pelo mundo, e porque não, no continente africano também tem sido comum alguns líderes das organizações políticas, em períodos eleitorais, após tomarem conhecimento do resultado das eleições, virem a tomar posições e atitudes similares a então adoptada pelo presidente cessante Donald Trump. 

Infelizmente quando alguns líderes tomam estas posições irreflectidas e fragmentadas em dogmas, em inúmeras ocasiões criam situações que acabam por causar a perca de milhares de vidas humanas, que mobilizados pelos apelos irresponsáveis destes líderes os seguem, e muitas vezes acabam por mergulhar na escuridão da manipulação colectiva, passando a viver as suas consequências até o ponto de perderem a vida. 

Portanto, fica a sugestão para os estagiários das lideranças políticas, assim como também para aqueles que são considerados como sendo os políticos seniores e porque não um apelo aos veteranos da política doméstica angolana: todo formador de opinião, enquanto influenciador de massas, deve ter a responsabilidade de conter e moderar os seus discursos e as suas intervenções públicas, por formas a acautelar os possíveis desvios que podem ocorrer na percepção das mensagens e dai poder advir várias consequências prejudiciais a sociedade. 

Falem para o povo pensando na heterogeneidade do povo, só assim poderão ter e manter a coerência discursiva. E por favor evitem fazer uso da instigação a violência discursiva para alcançar fins políticos, pois a percepção individual também é heterogênea, e muitas vezes quando vocês os políticos dizem "A nós o povo, com a nossa fome e os nossos problemas percebemos ATOA".

terça-feira, 17 de novembro de 2020

NA INTERNET TODOS FALAM




Por: Bento dos Santos. 

Nos livros Comunicação e Opinião Pública (2016) e Comunicação Para Mobilização Social, Pressupostos Para Acções Colectivas (2019) abordei a questão do excedente de informações que se produz na internet. 

Recentemente, em um programa radiofônico defendi a necessidade das instituições de ensino, actualizarem os programas curriculares para poderem capacitar os estudantes a terem mais conhecimento sobre o quê, como... e se possível quando devem consumir informações na internet. 

A reflexão se incide sobre a necessidade de poder ser criada uma disciplina que pudesse capacitar os alunos ou os estudantes a avaliarem o tipo e a qualidade dos conteúdos que devem consumir na internet. Até o momento este pensamento não passa de uma idéia que nos próximos tempos poderá ser assumida por outras pessoas. 

Entretanto, o excedente de informações que têm sido produzidas e disseminadas nas redes sociais, tem alcançado dimensões e níveis de preocupações que por vezes, torna muitos consumidores dos conteúdos do universo da internet como se fossem bonecos de recreação. Cada um a sua maneira, escreve, faz a sua publicação, partilha, defende o que pensa, ou defende "o que pensa que pensa" e assim se concretiza a 《dita democracia》. 

O excesso de informações na internet faz-me lembrar o registo histórico bíblico da Torre de Babel. E neste particular, creio que sejamos muitos os que sabemos o que geralmente acontece quando todos falam ao mesmo tempo. Na verdade a experiência de vida nos tem ensinado que "quando todos falam ao mesmo tempo acabam por criar ruído e o processo de comunicação fica comprometido, tendo em atenção que a mensagem é distorcida e os interlocutores da suposta comunicação acabam por não se entenderem.

Sem regras, sem limites, sem qualquer tipo de organização, na internet o que parece ser o melhor para cada um é fazer o que quet. Talvez sob forma de exemplo de classificação seja a designação de uma nova Torre de Babel, pois na internet de uma ou de outra forma (com escrita, vídeos, etc) todos falam. Mas será que todos que falam na internet têm sido ouvidos?

E caso estejam a ser ouvidos... quem os ouve?





 

domingo, 15 de novembro de 2020

A PANDEMIA DAS NOTICIAS FALSAS

Por: Bento dos Santos.

Quantas notícias falsas você lê diariamente? 

Trinta, cinquenta ou apenas dez? 

Na actualidade, com o surgimento e desenvolvimento da internet e das redes sociais ficou mais difícil sabermos exactamente o número de notícias ou informações falsas que chegam ao nosso conhecimento diariamente. 

Desconhecendo a dimensão do excedente de informações falsas que chegam ao vasto público a todo instante, surgem as consequências. Uma "pandemia de informações falsas" tem dominado a atenção do vasto público usuário das redes sociais. 

Os meios de comunicação social tradicionais (a televisão, rádio, jornais, revistas, etc) não tem conseguido acompanhar a velocidade da produção da informação em tempo real, deixando a mercê de quem se acha no direito de filmar, fotografar, escrever e publicar o que acha ser do seu direito de liberdade de informar e de ser informado, perante a vigência da democracia e das liberdades constitucionais. 

Com a possibilidade do livre arbítrio de "cada um fazer o que quer" a pandemia das notícias falsas tem ganhado um amplo espaço de proliferação perante a indiferença da própria sociedade. 

A expressão "pandemia" tem a sua origem na língua grega "pandemías" que na língua portuguesa significa "todo povo". A expressão em causa "pandemia" é usada nos termos técnicos da saúde e para os profissionais de saúde uma "pandemia deve ser entendida em uma escala de gravidade devido o surgimento de casos mais delicados. A pandemia é assim caracterizada por uma epidemia que se espalha por diversas regiões do planeta". E como sabemos, a pandemia está também associada a epidemia que é o aumento considerável do número de casos de determinada doença em diversas regiões de um determinado país. 

Achamos oportuno fazer a distinção conceitual entre a "Pandemia e a Epidemia" para facilitar o raciocínio lógico de quem poder nos brindar com a sua atenção fazendo a leitura deste texto. 

Retomamos a questão de partida, mas antes vamos buscar subsídios argumentativos no conceito de aldeia global criado pelo filósofo canadense "Herbert Marshall McLuhan (1962)" em que o autor aborda que: "as novas tecnologias electrónicas tendem a encurtar a distância e o progresso tecnológico, reduzindo todo planeta à uma situação idêntica a que ocorre em uma aldeia; um mundo em que muitos estariam, de certa forma, interligados". 

O conceito de aldeia global nos remete a reflectir sobre o facto de que, através da internet em determinados momentos parece que estamos todos juntos e misturados. E assim, para a nossa surpresa, passamos a saber que a "pandemia das notícias falsas" não é nova. 

Para termos uma ideia do tempo da existência da "pandemia das notícias falsas" basta que cada um de nós faça um breve exercício de memória e se lembre de uma situação em que foi vítima de uma notícia ou uma informação falsa que circulou na sociedade virtual da internet e que chegou até o seu conhecimento. 

Diferente da pandemia da Covid-19 que submeteu abertamente o mundo a mercê do medo, a pandemia das informações e das notícias falsas é silenciosa e continua a fazer as suas vítimas a todo instante. 

Algumas vítimas desta pandemia acabam mesmo por perder a vida. Porém, por cá, não se conhece publicamente um estudo sobre as causas e as consequências das notícias falsas que podia servir de referência para podermos extrair os dados e partilharmos neste texto. 

Sabemos que as informações e as notícias falsas tem causado muitos dissabores as suas vítimas. É uma pandemia que esta a ser disseminada a nível mundial e uma das possibilidades, para podermos reduzir o seu campo de abrangência recai para a responsabilidade individual que cada um de nós devemos ter antes mesmo de virmos a consumir e partilhar informações que não conhecemos a credibilidade e a veracidade da fonte que nos remeteu a uma determinada informação. 

Outra possibilidade recai ao papel das instituições públicas que devem salvaguardar os direitos constitucionais consagrados a cada cidadão. Portanto, só será possível mantermos os níveis de sã convivência social, mantendo a disciplina e o rigor nas nossas acções. Caso contrário, é bem provável que continuaremos a ser meros disseminadores da "pandemia das notícias e informações falsas".