domingo, 5 de maio de 2013

UMA SINTESE SOBRE ALGUMAS CAMPANHAS POLITICAS DE RELAÇÕES PÚBLICAS NO CONTEXTO INTERNACIONAL


Por: Bento dos Santos
Quem conhece as Relações Públicas (RP) como ciência certamente não ficará supresso com a afirmação de que “a arena diplomática se apresenta como o cenário propício para vigência de acções de relações públicas, principalmente pelo facto desta fazer recurso a comunicação integrada no contexto internacional”. O próprio conceito de que as Relações Publicas são o esforço deliberado, planificado e continuo para estabelecer uma compreensão mutua entre uma organização e seus públicos, (segundo o “Bristish Institute of Public Opinion, cuja definição também foi adoptada por vários países pertencentes a Commonwealth”), começa a conhecer um outro conceito não menos académico, que faz referência a mudança do paradigma conceitual das RP como sendo nada mais, nada menos do que a vigência da comunicação integrada (entenda-se uma coligação das áreas de especialização das ciências da comunicação, nomeadamente: Jornalismo, publicidade, Marketing e Relações Públicas).
Numa altura que testemunhamos um mundo ocidental a oscilar entre a contenção da crise económica que actualmente vai se ensaiando entre os mercados de algumas das maiores potências económicas mundiais (França e Alemanha) por cá, assiste-se nos últimos tempos, varias incursões de líderes de partidos políticos da oposição, a implementarem estratégias de projecção política das suas actividades no contexto internacional. É bem verdade que tais campanhas têm estado encobertas sob o manto de acções de diplomacia, que até onde se sabe perspectivam angariar alianças estratégicas para um melhor desempenho na arena da disputa politica. Apesar de tal facto ser prescindente, em nada anula a preocupação manifesta por alguns círculos de reflexão da sociedade civil no que diz respeito aos reais propósitos de tais acções.

Antes de mais, é preciso clarificarmos que a responsabilidade da elaboração e implementação das agendas dos partidos políticos é única e exclusiva responsabilidade dos seus dirigentes, assim como dos seus demais integrantes. No entanto, no que diz respeito as consequências resultantes de tais agendas ou acções destes partidos, não podem ser vistas como actos isolados quando seus efeitos massificam-se no contexto social interno de um país soberano.
A título de exemplo, subescrevemos alguns estratos dos mais recentes pronunciamentos do líder do partido UNITA Isaías Samakuva na sua mais recente digressão pela arena internacional. Salientamos que os estratos aqui transcritos são decorrentes de um seminário na Inglaterra, especificamente na cidade de Londres no Instituto Real de Relações Internacionais. Isaías Samakuva igual a si mesmo desvaira-se mais uma vez alegando que: “é a UNITA que está a segurar a paz frágil ao dizer ao povo para confiar na capacidade dos seus líderes em conseguir uma mudança profunda", fim de citação. Tal pronunciamento desmedido e irreal do líder da UNITA procurou confundir até certo ponto a percepção daqueles que acompanham indirectamente a vida política angolana, a partir do exterior.

No mesmo diapasão o líder da UNITA continuou a sua intervenção alegando que “Angola vive um clima de tensa instabilidade política e social que o actual estado politico e social, é equiparado a um barril de pólvora prestes a explodir”. Dando continuidade as suas alegações Samakuva frisou ainda, que “as distintas lideranças políticas angolanas devem evitar a promoção dos ventos da primavera árabe, referindo-se neste caso a propósito das revoltas populares ocorridas em países do norte de África e do Médio Oriente desde o pretérito ano de 2011.
Os argumentos do líder do partido UNITA transcritos em epígrafe não só evidenciam a sua pretensão maquiavélica da ascensão ao poder, como também revelam o seu perfil politico, carregado de estereótipos, pois Samakuva assume-se como promotor de gema da proliferação da exacerbação do radicalismo político social, uma vez que por cá sabemos que a UNITA é pioneira na promoção da desorganização social, e que infelizmente está é uma das principais causas dos efeitos perversos em qualquer sociedade.

É óbvio que o líder da UNITA sairia com mais vantagens nas suas acções diplomáticas, se pauta-se por um discurso de consciência colectiva, baseado no interesse nacional, pois a manutenção da paz é um objectivo nacional permanente para nós angolanos, tendo em conta que a mesma promove a união das gerações e torna mais fácil o alcance do consenso social, e sendo ela ainda muito recente, nunca é demais acções que visam a consolida-la.

 Já no que diz respeito a política externa de qualquer força política, está costuma ser considerada como a expressão da sua política interna dai o facto de não nos surpreendermos com as revelações do líder da UNITA.

 Outrossim, é da natureza humana, ou da ordem natural das coisas que pessoas e as sociedades desejam sempre retirar bem mais de uma relação do que o investimento realizado em contrapartida, por este facto, sabemos que nestas andanças de relações internacionais assiste-se o modelo de que com uma das mãos se dá e com a outra se cobra, vai-nos a filosofia tecer o que oferece um líder como Samakuva em troca, durante o seu périplo por lá onde vai (...) se quando sob holofotes das camaras da comunicação social se propõe a propagar a mensagem da desgraça, de que Angola é um país instável, e que a distância que separa a paz alcançada com muito sacrifício e sangue do povo angolano, e a guerra que se pretende promovida pelos seus intentos para o alcance da ânsia da glória desmerecida, só falta mesmo os seus galos voltarem a “Cocoriar ou Cucuricar” (...)

 Entretanto, é também uma Utopia, nós angolanos pensar que alcançar o desenvolvimento, a igualdade e a justiça social, é possível sem arregaçarmos as mangas para o trabalho. Como exemplo, alegamos que é falso pensarmos que por alguém ter nascido na Lunda-Norte ou em Cabinda ou mesmo pelo facto de ser cidadão angolano, torna-se logo rico sem ter que trabalhar. Realmente pelo facto de termos a potencialidade de recursos naturais que o nosso país ostenta, podemos afirmar que sermos cidadãos angolanos nos propícia logo a início mais oportunidades para alcançar a riqueza. No entanto, o realismo das transformações sociais a decorrer no nosso país assim como em outros países, cumprem com a essência da cadeia dos acontecimentos dos processos sociais, pois é factual e triunfal o nosso percurso rumo ao desenvolvimento, “Angola está no caminho certo” dai a opção do povo na eleição da razão de estado, manter-se sob governo do MPLA.
Fazendo recurso ao conceito de Realpolitik”, notamos que o mesmo faz alusão ao princípio de que as relações internacionais não apenas norteadas pela ética ou ideologias, mas sim, pela defesa dos interesses nacionais. Em suma, os estados não têm “amigos” e nem compartilham ideais, simplesmente fazem valer seus objectivos económicos e políticos. Sob este principio básico de diplomacia, nos questionamos sob a maturidade politica do líder da UNITA.

 Noutra vertente resgatamos uma velha regra do senso comum, que faz menção que quando existem muitas prioridades, não existe nenhuma prioridade bem estabelecida. Isso justifica a conveniência de se atribuir a importância devida ao que é realmente importante, não multiplicar as frentes de trabalho ao sabor das viagens supostamente diplomáticas de alto nível, quando na realidade analisada, assistimos os actores a se esbarram em contradições injuriosas, contra o seu próprio país como o fez Isaías Samakuva.

 Por fim, ficou-se por saber, se o líder da UNITA activou os quatro elementos do “jogo diplomático” que devem ser considerados em qualquer política externa que se pretenda responsável, nomeadamente: a clareza das suas intenções, a interacção entre a diplomacia do seu partido e a economia, bem como a aferição precisa quanto aos meios disponíveis que o mesmo pretende obter, ou ainda até ponto vai a flexibilidade e abertura às inovações no seio do seu partido (...) até lá muitas leituras podem ser feitas (...)!

 

 

 

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