domingo, 22 de abril de 2012

GUINÉ BISSAU, O NOVO DESAFIO DA DIPLOMACIA ANGOLANA

Por: Bento José dos Santos

Neste artigo o caro leitor não encontrará uma descrição cronológica dos factos ocorridos a quando dos quatro golpes de estado na Guiné Bissau em menos de quinze anos. Basearei a minha reflexão de forma muito sintética sobre alguns factos que considero de maior impacto para a opinião pública internacional, considerando que o actual golpe de estado perpetrado na Guiné Bissau trás a monte a necessidade de uma reflexão introspectiva sobre a nossa visão geoestratégica e a nossa forma de actuação e posicionamento no que diz respeito aos ambientes geopolíticos externos, tendo em conta a sua complexidade perante aos condicionalismo culturais e ideológicos destes países que em muito diferem do nosso.


É evidente que a nossa competência critica diante dos grandes temas que se debatem na região Austral e Ocidental de África pode induzir-nos a perspectivar cenários nacionais e internacionais que podem perspectivar a tomada de decisões com baixo risco.

No entanto, o caso mais recente (subversão da ordem democrática) ocorrido na Guiné Bissau contrariamente ao que muitos podem inventariar leva-nos a considerar como negativa para politica externa Angolana mas positiva para o exercício da diplomacia de Angola. Apesar da interacção permanente da política e da diplomacia neste caso é possível separar, através de linhas de actuação.

Separando as águas «» a negatividade no que concerne a política externa de Angola faço referência a emancipação de Angola em casos de natureza política militar onde a exemplo da Cote D´ Ivoir Angola já experimentou o amago das rebeldias quando as premissas internas desses países fazem-se sob égide de armas, caso similar e permanente a do estado guineense.

Quanto a positividade que se deslumbra no campo diplomático, Angola pode tirar vantagens da situação pela operacionalidade dos seus canais diplomáticos, enquanto presidente na CPLP, incluindo a excelentes relações com países emergentes no contexto internacional como o Brasil e a China, para a projecção das suas posições na ONU, o que pode sobrepor a brecha diplomática promovida no seio dos golpistas Guineenses que através do seu porta-voz o tenente-coronel Daba Na Walna, não tem parado de promover uma imagem de arruaçaria e de bandidagem, que se pressupõe financiada pela droga, demostrando falta de visão estratégica. Pois como sabemos a Guiné Bissau enquanto país não tem pernas para andar pelos seus próprios pés económica e financeiramente, o que não faz sentido o mesmo vir a minar as saídas diplomáticas que lhe poderiam ser úteis.

A sua posição como militar radical e despreparado para um diálogo politico, como se deu na imprensa internacional, especificamente a quando da entrevista realizada e veiculada pelo canal de televisão português, no caso a RTP África (20/04/012), o tenente-coronel Daba Na Walna (jurista licenciado pela Faculdade de Direito de Bissau e mestre pela Faculdade de Direito de Lisboa), desperdiçou uma forte oportunidade de promover de forma diplomática as suas acções, onde a coerência seria a de por os interesses do povo enquanto parte integrante do estado soberano como primazia, entretanto, o mesmo teceu acusações contra o estado Angolano e o governo Português com base em argumentos revanchistas presos numa ideologia demagoga étnica, demostrando assim a comunidade internacional um total despreparo para o exercício politico e social.

Por cá, a boca rota, propaga-se como aventureira a nossa missão “MISSANG” na Guiné tendo em conta as nossas necessidades internas, uma vez que as nossas forças armadas ainda carecem de melhor assistência logística e social, principalmente aos desmobilizados, considerando acima deste facto os desafios socias que emergem a cada dia no nosso pais em reconstrução, o que faz muita gente desvalorizar a nossa participação sob titulo de ajuda ao povo Guineense.

Outrossim, é tido como positiva acção imediata do governo angolano a quando da retirada unilateral das nossas forças em missão na Guiné, uma vez que deste modo abarcamos com o risco de evolvermo-nos numa situação muito complicada, que certamente exigiria a sobreposição pela intervenção da nossa força militar.

Em suma, o que muito ainda tem por se dizer face aos riscos e factos que poderão ainda ocorrer com tal cenário na Guiné já pode-se prognosticar mais sofrimento para o seu povo.

Entretanto os sinais institucionais dado pelo povo guineense a quando da recente greve das administrações públicas (convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau (SNTGB) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNT) através de um comunicado conjunto, apoiado pelos trabalhadores da administração pública) como manifesto da restituição do poder politico institucional e a recente negação da auto-eleição do então líder parlamentar para a presidência da república guineense (Manuel Serifo Nhamadjo, um dissidente do PAIGC que concorreu à primeira volta das presidenciais, a 18 de Março, e foi derrotado por Gomes Júnior, que agora iria disputar a segunda volta com Kumba Ialá) leva-nos a prognosticar que o governo angolano deverá activar apenas as suas estratégias do campo diplomático, sendo que duas acções poderão já estar em curso, uma deverá ser a dos bastidores, onde Angola deverá participar da integração dos países e organizações internacionais que de forma consensual repudiam e condenam a situação actual da Guiné bem como os seus actores.


Ainda sobre este figurino, perpectiva-se que a ONU venha a condenar as acções dos insurgentes e autorize a criação de uma "força de manutenção da paz" ou "missão de estabilização" poderá ser integrada por miliitares da África Ocidental e dos países lusófonos, onde as tropas angolanas, já presentes na Guiné Bissau integrariam como parte de um acordo bilateral de cooperação.Por fim, podemos ainda apreender com este episódio sobre a necessidade da sociedade angolana estar mais habilitada para as ameaças externas, pois o facto de sermos um povo pacífico «» não nos exclui de susceptiveis ameaças externas. E que nos sirva de lição, antes de ser-mos bons samaritanos primeiro devemos rever as nossas próprias necessidades.


















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