Por: Bento dos Santos
Na passada quinta-feira (29/09/017) foi divulgada a composição e as respectivas nomeações dos membros do governo que passam a exercer as funções ministeriais e governamentais do novo executivo da nossa terceira República.
Deixando para segundo plano os “blá, blá, blá” que todos nós já sabemos, isto é que o actual governo é resultado do último pleito eleitoral de 23 Agosto, vamos ao que o presente texto se propõe a nos apresentar para reflexão, levando em consideração o facto que as pessoas não gostam muito de ler. E uma vez não serem amantes da leitura, é desnecessário dizer que não gostam de textos《massudos》ou melhor textos com uma vasta extensão de conteúdo.
Voltando a cerne da questão, uma vez nomeados e empossadas as novas “figuras públicas” muitas das quais o são “apenas por inerência de funções” temos a destacar a orientação do Sr. Presidente, General João Lourenço que após a sua investidura, isto durante a sua primeira alocução discursiva como o terceiro Presidente da República de Angola, destacou a necessidade de termos uma comunicação social mais plural e factual, o que pode-se entender que os meios de comunicação social não tem vindo a implementar um modelo de jornalismo democrático. É verdade, parece ser muito severa está interpretação mais muitos sabemos que é a mais realista.
E como podemos entender esta questão…
Primeiro podemos sustentar que esta interpretação é fundamentada por factos, se nos propusermos em analisar as pautas informativas dos meios de comunicação social.
Muitos são os espectadores ou ouvintes que sentados a ouvirem ou ao verem os programas emitidos pelos meios de comunicação social, percebem que a maior parte das grelhas de informações são baseadas no modelo do jornalismo de desenvolvimento onde a prática da actividade jornalística é fundamentada nas políticas definidas pelo estado consubstanciada a busca da superação dos problemas sociais como a fome, a pobreza, o combate ao analfabetismo etc. É um modelo adoptado maioritariamente pelos países que foram colonizados e promove a censura jornalística. O excesso do uso do modelo de jornalismo desenvolvimento nas agendas dos meios de comunicação social, tem feito com que o jornalismo factual perca a relevância. É preciso ter em atenção que o modelo do jornalismo democrático é o que devia constar como o principal modelo da acção jornalística, tendo em conta que este modelo é caracterizado apenas pelo respeito da Lei, da ética e da deontologia jornalística; o que infelizmente não tem acontecido na nossa esfera pública, pois tal presunção fica para segundo plano, e assim temos assistido inúmeras grelhas de programação que priorizam o entretenimento, e os programas de opiniões sem sustentabilidade factual, manipulando a formação da opinião pública para uma imagem irreal e muitas vezes distinta dos factos que ocorrem no contexto social.
Não estamos a dizer que o jornalismo de opinião é um modelo que deve ser banido. Longe de nós meros pesquisadores fazer tal alusão. O que estamos a dizer, é que as opiniões deviam ser resultantes dos factos, logo a produção jornalística devia ser baseada primariamente nos factos, aliás é o que apreendemos ao estudar os massudos manuais das teorias da comunicação.
Pois então; como muitos de nós somos teimosos, e porque muitos são os que buscam recompensas em detrimento do seu valor profissional, foi preciso que o Presidente da República nos passasse um cartão amarelo, chamando-nos atenção para fazermos bem o nosso trabalho, quando na verdade os especialistas somos nós, e devíamos ser nós os primeiros a mostrar como é o nosso trabalho…“ pois então, fica claro nós demos bandeira”…
Entretanto, como se tem ventilado nos adágios populares, mas vale tarde do nunca, temos um novo executivo, novas políticas que se esperam ir de encontro com as perspectivas e as necessidades da população. E neste particular o novo ministro da Comunicação Social, Dr. João Melo tem o desafio de “olear” e refinar o novo rumo que a Comunicação Social pública pode ter.
É preciso retermos no nosso pensamento, que os meios de Comunicação Públicos e Privados exercem entre eles papéis directos e indirectos no jogo de influência de desempenho na esfera pública. Entenda-se por isso, que as palavras do Senhor Presidente não se limitam apenas para os meios de Comunicação Social Públicos, mas denota-se que tal referência é extensiva e abrange também os meios de Comunicação Social Privados.
E afirmamos com argumentos de razão, quem quiser arriscar-se a falhar, que pense o contrário. Por conseguinte, os profissionais da Comunicação Social tem assim criado um ambiente propício para pararem de “reclamar atrás da porta” e poderem fazer o trabalho de forma diferente e profissional, primando por um jornalismo isento, factual, responsável e actuante.
Não vamos aqui procurar dar aulas de jornalismo, para tal existem instituições para os referidos fins. Mas também não podemos deixar de revelar, que o Sr. Presidente, General João Lourenço quando fez a referência aos meios de Comunicação Social, no que concerne as suas expectativas, acabou por dar uma grande ajuda ao sector, pois não é segredo que muitos destes órgãos se encontram a vivenciar uma crise grave de credibilidade, e muitos deles já não são tidos como os mais confiáveis no que concerne a busca da informação. Para ajudar a reflexão sobre estas afirmações, basta-nos analisar a acentuada proliferação de informações infundadas e consumida massivamente nas redes sociais. Tal acontece porque muitos factos que ocorrem no meio social e que deviam ser classificados com valor-notícia, acabam por serem ignorados, sendo apenas validados no espaço periférico dos sistemas convencionais dos meios de Comunicação Social.
Esperamos que com este cenário criado, venhamos a ter um jornalismo mais factual, onde por exemplo o repórter informa a opinião pública sobre a real falta de água que vivemos diariamente e que não se limitem a ouvir o parecer da Epal.
Assim, esperamos que muitos jornalistas que até onde sabemos também vivem as mesmas dificuldades que nós, façam as suas matérias com factos, como por exemplo, reportarem que estamos sem energia a mais de X dias sem terem que nos impingir o ponto de vista da falta da subida do caudal de água. Esperamos que os jornalistas reportem que temos mais bandidos lá no bairro que os polícias da esquadra, e que os bandidos parecem estar mais motivados, pois são mais pontuais e não falham, como acontece infelizmente com os nossos polícias que parecem ter medo da escuridão; e reportem os factos sem medo de serem presos na via; se necessário paguem as taxas de circulação e tratem toda documentação para evitarem viver da troca de favores e assim possamos ser todos bons profissionais. Deixem que a polícia se preocupe com a gestão da sua própria imagem.
Assim esperamos que àquelas pessoas mais preocupadas e preocupados em serem filmados pela televisão para serem apresentados no telejornal com a esperança de virem a ser ainda mais promovidos pela incompetência do que pela competência.
Esperamos que com o surgimento da hora do jornalismo mais factual, todos possam vir a se beneficiar do trabalho jornalístico isento e responsável, pois os meios de Comunicação Social também tem a função de fiscalizadores das acções do estado, porquanto são os meios que possibilitam a formação da opinião pública (ler o livro Comunicação e Opinião Pública).
Estamos todos assim; todos mais para assim, de uma comunicação mais factual.
domingo, 1 de outubro de 2017
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