Bento dos Santos
Este é o terceiro e último dos três artigos que me
comprometi redigir, sobre o tema: “Ameaças Internas e o Papel da Segurança de
Estado”. No entanto, espero que os textos anteriores tenham contribuído em
certo modo para motivar a reflexão inerente ao tema em questão.
Como já fiz referência em outros artigos, refuto que apesar
do nosso país vivenciar os primeiros anos de paz efectiva, a percepção sobre as ameaças não devem estar desvanecida para
muitos angolanos, pois, é imprudente imaginar que um país com o potencial de
Angola não enfrenta antagonismos ao perseguir seus legítimos interesses. Porém,
realçamos que um dos propósitos dos órgãos de defesa e segurança é
conscientizar todos os segmentos da sociedade angolana da importância da defesa
do País e de que este é e deve ser um dever de todos os angolanos.
Assim sendo, a Segurança
Nacional de um determinado país é a condição que permite ao País,
preservar a sua soberania
e integridade territorial,
assim como promover os seus interesses nacionais, livre de pressões e
ameaças, e garantir
aos cidadãos o exercício
dos seus direitos e
deveres constitucionais. Por conseguinte, a Defesa Nacional será o conjunto de
medidas e acções do Estado, com ênfase no campo militar, para a defesa do
território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças
preponderantemente externas, potenciais ou manifestas.
É
importante resgatar os conceitos transcritos no parágrafo anterior, dado o
facto de que as ameaças aqui apresentadas de forma genérica podem constar na configuração da ordem
internacional, caracterizada por assimetrias de poder, que em muitas ocasiões produzem
tensões e instabilidades indesejáveis para a paz em determinados países. Neste
particular, destaca-se a actual redução internacional do preço do petróleo que
ocasionou a estagnação de muitas economias nacionais tornando-as mais
vulneráveis às crises ocasionadas pela instabilidade económica e financeira em
todo o mundo.
Porém a exclusão de parcela
significativa da população mundial dos processos de produção, consumo e acesso
à informação constitui também uma das várias situações que podem vir a
configurar-se em conflito. Outro aspecto aliado a diversidade das ameaças que
pairam sobre os interesses inconfessos de muitos estados sobre o nosso país,
integra as questões ambientais, que permanecem como uma das preocupações da
humanidade. As mudanças climáticas têm graves consequências sociais, com reflexos
na capacidade estatal de agir e nas relações internacionais Países detentores
de grande biodiversidade como é o caso do nosso “Angola” que também possui
enormes reservas de recursos naturais e imensas áreas para serem incorporadas
ao sistema produtivo, podem tornar-se objecto de interesse internacional.
Não menos importante,
identificamos uma entre as várias questões geopolíticas que afectam o nosso
país, que também importa realçar. Por exemplo, a
segurança de um país é afectada pelo grau da estabilidade da região onde ele
está inserido. Assim, é desejável que ocorra o consenso, a harmonia política e
a convergência de acções entre os países vizinhos para reduzir os delitos
transnacionais e alcançar melhores condições de desenvolvimento económico e
social, tornando a região mais coesa e mais forte.
A existência das zonas de
instabilidade e de ilícitos transnacionais pode provocar o início de conflitos
para outros países da região. A persistência desses focos de incertezas é,
também um elemento que justifica a prioridade à defesa do Estado, de modos a
preservar os interesses nacionais, a soberania e a independência.
Como consequência da nossa
situação geopolítica, é importante para Angola que se aprofunde o processo de
desenvolvimento integrado e harmónico da África Austral, que se estende,
naturalmente, à área da defesa e segurança regional. A vivificação das
fronteiras, a protecção do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos
naturais são aspectos essenciais para o desenvolvimento e a integração da
região.
Enfim, a dimensão das ameaças
são tão diversas e inúmeras que não poderemos menciona-las conclusivamente
neste exercício, no entanto, a persistência das ameaças à paz mundial requer a
actualização permanente do aparelhamento das nossas Forças Armadas e dos demais
órgãos de manutenção da soberania nacional. Por assim ser, os planos aliados a
segurança nacional devem incluir todos os sectores da vida activa da sociedade
angolana e, em particular, as áreas vitais onde se encontra a maior
concentração do poder político e económico. Precisamos
ver a nação identificada com a causa da defesa. Toda a estratégia nacional
repousa sobre a conscientização do povo angolano quanto à importância central
dos problemas de defesa e segurança interna e externa, pois a nação deve
compreender que são inseparáveis as causas do desenvolvimento e da defesa.
O compromisso nacional da nação
angolana, sempre foi e é um projecto do povo angolano, “Um Só Povo Uma Só
Nação”. Neste âmbito, o projecto político do MPLA partido no poder no nosso
país, sempre abraçou a ideia de nacionalidade e lutou para converter essa ideia
para os distintos sectores da sociedade angolana. Esse facto também tem sido a
garantia profunda da identificação da nação com as forças de segurança nacional
e dessas com a Nação.
Por tudo exposto no presente
artigo, reitero que a acção dos serviços de segurança de estado deve estar
focada na antecipação dos factos. Por meio da inteligência, busca-se que todos
os planeamentos políticos, estratégicos, operacionais e tácticos e a sua
execução desenvolvam-se com base em dados que se transformam em conhecimentos
confiáveis e oportunos por formas a salvaguardar os pilares da estabilidade da
nação.
A busca pelas informações
precisas é uma condição essencial para o emprego adequado dos distintos meios a
disposição destes órgãos. A inteligência ou os serviços de segurança de estado
são também desenvolvidos desde o tempo de paz, pois são eles que possibilitam
superar as incertezas. É da sua vertente prospectiva que procedem os melhores
resultados, permitindo o delineamento dos cursos de acção possíveis e os seus
desdobramentos. A identificação das ameaças é o primeiro resultado da actividade
da inteligência, por este facto, todas as instâncias do Estado devem contribuir
para o incremento do nível de Segurança Nacional, dai a necessidade de se
abortar iniciativas que fomentam a instabilidade social.
Sem comentários:
Enviar um comentário