Por: Bento dos Santos
Nos livros Comunicação e Opinião Pública (2016) e Comunicação Para Mobilização Social, Pressupostos Para Acções Colectivas (2019) abordei a questão do excedente de informações que se produz na internet.
Recentemente, em uma entrevista concedida num programa radiofônico defendi a necessidade das instituições de ensino, procederem a actualização dos seus programas curriculares para poderem capacitar os estudantes a terem mais conhecimentos sobre o quê, como, e se possível quando devem consumir determinadas informações na internet.
A reflexão se incide sobre a necessidade de poder ser criada uma disciplina que pudesse capacitar os alunos ou os estudantes a avaliarem o tipo e a qualidade dos conteúdos que devem consumir na internet. Até o momento este pensamento não passa de uma idéia que nos próximos tempos poderá ser assumida por outras pessoas.
Entretanto, o excedente de informações que têm sido produzidas e disseminadas nas redes sociais, tem alcançado dimensões e níveis de preocupações que por vezes, torna muitos consumidores dos conteúdos do universo da internet como se fossem bonecos de recreação. Cada um a sua maneira, escreve, faz a sua publicação, partilha, defende o que pensa, ou defende "o que pensa que pensa" e assim se concretiza a 《dita democracia》.
O excesso de informações na internet faz-me lembrar o registo histórico bíblico da Torre de Babel. Neste particular, creio que sejamos muitos os que sabemos o que geralmente acontece quando todos falam ao mesmo tempo. Na verdade a experiência de vida nos tem ensinado que "quando todos falam ao mesmo tempo acabam por criar ruído e o processo de comunicação fica comprometido, tendo em atenção que a mensagem é distorcida e os interlocutores da suposta comunicação acabam por não se entenderem.
Sem regras, sem limites, sem qualquer tipo de organização, na internet o que parece ser o melhor para cada um é fazer o que quer. Talvez sob forma de exemplo de classificação seja a designação de uma nova Torre de Babel, pois na internet de uma ou de outra forma (com escrita, vídeos, etc) todos falam. Mas será que todos que falam na internet têm sido ouvidos?
E caso estejam a ser ouvidos será que são percebidos?
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