As manifestações eufóricas resultantes da "onda de exonerações" protagonizadas pelo Presidente da República nos últimos dias, tem vindo a certificar mais uma vez o comportamento de "massa" que chegou a ser descrito de forma brilhante pelos estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da escola alemã de Frankfurt, onde célebres intelectuais desenvolveram a conhecida Teoria Crítica da Sociedade. Entre os seus principais integrantes destacamos nomes sonantes como: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Lowenthal, Erich Fromm, Jurgen Habermas, entre outros.
Para estes pensadores, a indústria cultural actua como uma forma de padronização dos gostos e desejos dos seres humanos, voltando-os para o consumo, aqui falamos em particular do consumo da informação.
A referência ao consumo da informação se estende a vida para o trabalho e a diversão como forma de alienação, caracterizada pela forma das pessoas não conseguirem reconhecer que são retirados da sua própria existência em função das influências produzidas pelo consumo de informação proveniente dos meios de comunicação social. A mídia e a propaganda actuam como principais elementos de massificação dos sujeitos. Pela mídia todos desejam imitar “as figuras públicas ou procuram seguir e fazer aquilo que esta na moda; seguindo uma onda que os identifica com aqueles que aparentemente representam a opinião da maioria e que supostamente a maioria aprova, mas que na realidade, na esfera pública taís aparências ou percepções são apenas resultados da disseminação da informação difundida pela mídia, onde se cria uma percepção de que aquilo de está a ser dito é o melhor para todos, ou seja é a opinião pública"...
Apesar da comunicação ter uma visão macro da cultura de massa, e individualmente, da cultura popular, partindo do princípio de que cada ser tem seu próprio pensamento, a realidade é que as pessoas geralmente reagem em função do comportamento dos seus guias ou das suas "estrelas" entenda-se, as pessoas agem influenciadas directa ou indirectamente em função das reacções daqueles que eles elegem e credibilizam como seus formadores de opiniões, isto em função do protagonismo público que estes têm na esfera pública.
Para exemplificar podem ver o número de reacções ou "comentários" que tem nos posts de alguns jornalistas, analistas ou políticos, como Ismael Mateus, Reginaldo Silva, Celso Malavoloneke, Luísa Rogério, Graça Campos, João Pinto e tantos outros líderes de opinião da nossa esfera pública.
Porém, o conceito de massa ou da indústria cultural é aqui abordado em função das reacções massivas onde a febre da aparente satisfação parece ter deslumbrado vozes antes "omissas" mas que faziam eco ao adágio popular "quem cala consente"!
Talvez devemos entender o motivo de tanta euforia, centrados na propagação
dos efeitos da mídia pela forma que deu cobertura a matérias ligadas a empresa pública Sonangol que pelo seu posicionamento na economia angolana e muito dos seus assuntos acabam por ser de interesse público, pois as acções dai resultantes tem efeitos primários na vida dos cidadãos.
Por exemplo, quando se aumenta o preço da gasolina, geralmente toda estrutura de preços no mercado nacional, sofrem alterações. E mais se pode ver com relação ao preço do barril de petróleo no mercado internacional, que tem reduzido as perspectivas de vida melhor, pela escassez de divisas, entenda-se dólar ou euro.
Mas, no meio de tanta euforia, o que está mesmo a passar como se nada fosse são os outros assuntos que entre tantos, alguns serão discutidos na sessão plenária da assembleia a ser realizada no dia 17/11/017, onde se pretende avaliar a aprovação da pauta aduaneira revista, que para muito de nós, esta pauta tem sido a pauta das reprovações, e que infelizmente muitas das políticas ai constantes não se ajustam a nossa actual realidade. Mas como o assunto ainda não está na moda...quem sabe não ficará para depois (...);
Outra situação que parece ter ficado também "adormecida" é a questão do aumento da criminalidade. Por termos novos assuntos que dominam os temas de interesse público, a pressão que se vinha fazendo, sobre a necessidade de se conter os índices da ascensão da criminalidade parece que ficaram por baixo da mesa na euforia das abordagens da mídia e dos cidadãos.
Perante a tanta euforia três lições podem ser apreendidas.
1- A maioria geralmente dança a música que esta na moda, e procuram dar os toques da dança que esta na moda;
2- Para muitos nem sempre o prioritário é o mais importante;
3- A maioria nunca escolhe o que quer realmente, geralmente escolhe o que os outros lhes dizem ser melhor e esquecem o que lhes poderá ser útil no futuro;
Infelizmente por assim ser, muitos são os que acabam por não validar as suas opiniões em detrimento da opinião publicada.
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