Por: Bento dos Santos
Hoje, recebi uma chamada que motivou-me a escrever o presente texto. Durante a chamada fui inquerido se certa pessoa podia ou não opinar sobre os diversos assuntos de cariz politico e social, que tem ocorrido nos últimos tempos.
Como sabemos, isto porque foi o que muitos vivenciamos durante as eleições, apesar das inúmeras manifestações sépticas, era previsível que a realização das eleições de 23 de Agosto do presente ano (2017) iria provocar uma mudança no paradigma político e social no contexto da sociedade angolana. E para afastar os receios vigentes na ocasião das eleições, nos parece que os últimos factos decorrentes no contexto político e social angolano, acabaram por nos liberar das mais profundas necessidades de realizarmos incursões com longas abordagens, que a nosso entender, mais seriam para avivar qualquer mente, antes sépticas, caso o assunto actual a abordar for “exonerações”.
Com as alterações que estão a ser realizadas no xadrez governativo, nos parece que o adágio “ver para querer” tem afastado os septicíssimos até então vigentes nas memórias de muitos cidadãos.
Porém, a mudança do paradigma político actual, e aqui destacamos o facto da regularidade que se dá actualmente a palavra “paradigma” que parece estar em voga na nossa sociedade intelectual, pois agora na boca dos bons falantes 《》escuta-se com regularidade "novo paradigma para aqui, “novo paradigma para acóla” enfim, como transcrevíamos, o novo paradigma político e social tem dado origem a vários cenários, entre os quais, para nós importa destacar o da formação da opinião pública.
Com a actual abertura promovida pelo recém-eleito e investido, Presidente da República, João Lourenço, nos parece que uma pergunta tem inquietado muitos militantes, amigos, simpatizantes e até mesmo opositores do partido maioritário. A pergunta é:
- Devemos falar, ou não?!
- Será que já é o momento ideal para emitir a nossa opinião, ou ainda é cedo para tal, o que nos levaria a tecer opiniões desconcertadas?
- Onde e quando devemos falar?
- Porquê que devemos falar?
Entenda-se, o falar que fazemos referência, trata-se propriamente de opinar sobre os diversos assuntos de interesse público, actualmente circulantes na esfera pública.
Todavia, para uma melhor elucidação, achamos conveniente subsidiarmos a nossa reflexão com base numa das teorias das ciências da comunicação, no caso a teoria da espiral do silêncio, proposta, em 1973, pela socióloga alemã Elisabeth Noelle-Neumann.
A teoria da espiral do silêncio, ou teoria do silêncio se assim preferirem, cujo conteúdo incide sobre a relação entre os meios de comunicação e a opinião pública e que representou uma nova ruptura com as teorias dos efeitos limitados, pressupõe os seguintes pressupostos: as pessoas temem o isolamento, buscam a integração social e gostam de ser populares; por isso, as pessoas têm de permanecer atentas às opiniões e aos comportamentos maioritários e procuram expressar-se dentro dos parâmetros da maioria.
Noelle-Neumann “defendeu também que a formação das opiniões maioritárias é o resultado das relações entre os meios de comunicação de massas, a comunicação interpessoal e a percepção que cada indivíduo tem da sua própria opinião quando confrontada com a dos outros. Ou seja, a opinião é fruto de valores sociais, da informação veiculada pela comunicação social e também do que os outros pensam.”
A socióloga admite a existência de dois tipos de opinião e de atitudes: as estáticas, que radicam, por exemplo, nos costumes, e as geradoras de mudança, como as opiniões decorrentes das filosofias de acção. Nesta corrente, as pessoas definir-se-iam em relação às primeiras por acordo e adesão ou por desacordo e afastamento. Porém, em relação às opiniões e atitudes configuradoras de mudança, os indivíduos, desejosos de popularidade e com o objectivo de não se isolarem, seriam bastante cautelosos. Assim, se a mudança se estivesse a dar no sentido das suas opiniões e se sentissem que haveria receptividade pública para a expressão dessas opiniões, as pessoas não hesitariam em expô-las.
Contudo, se as mudanças estivessem a decorrer em sentido contrário ou se as pessoas sentissem que não haveria receptividade pública para a exposição das suas opiniões, tenderiam a silenciar-se. “O resultado é um processo em espiral que incita os indivíduos a perceber as mudanças de opinião e a segui-las até que uma opinião se estabelece como a atitude prevalecente, enquanto as outras opiniões são rejeitadas ou evitadas por todos, à excepção dos duros de espírito, que persistem na sua opinião, que quanto a nós nos parece existirem poucos (...)
E como estamos a reflectir sobre comunicação, também nos importa integrar os meios de comunicação social. Com relação ao assunto, estes tendem a consagrar mais espaço às opiniões dominantes, reforçando-as, consensualizando-as e contribuindo para “calar” as minorias pelo isolamento e pela não referenciação.
O que estamos a afirmar é que os meios de comunicação social, tendem a privilegiar as opiniões que parecem ser dominantes, fazendo com que essas opiniões pareçam consensuais quando de facto não o são.
Portanto, somos de opinião que apesar da abertura politica que foi promovida pelo novo Presidente da República, que visa estimular as pessoas para terem uma comunicação pública mais participativa e responsável, a verdade que se constata é que muitos cidadãos continuam presos na espiral do silêncio. Para muitos, os tais silenciosos parecem que não estão emitir qualquer opinião propriamente dita, mas na verdade estão emitir outras opiniões através do silêncio.
Razão que nos leva a reflectir; será que quem cala, realmente consente?
sábado, 25 de novembro de 2017
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
REACÇÕES EUFÓRICAS E AS ACÇÕES DAS MASSAS
Por: Bento dos Santos
As manifestações eufóricas resultantes da "onda de exonerações" protagonizadas pelo Presidente da República nos últimos dias, tem vindo a certificar mais uma vez o comportamento de "massa" que chegou a ser descrito de forma brilhante pelos estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da escola alemã de Frankfurt, onde célebres intelectuais desenvolveram a conhecida Teoria Crítica da Sociedade. Entre os seus principais integrantes destacamos nomes sonantes como: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Lowenthal, Erich Fromm, Jurgen Habermas, entre outros.
Para estes pensadores, a indústria cultural actua como uma forma de padronização dos gostos e desejos dos seres humanos, voltando-os para o consumo, aqui falamos em particular do consumo da informação.
A referência ao consumo da informação se estende a vida para o trabalho e a diversão como forma de alienação, caracterizada pela forma das pessoas não conseguirem reconhecer que são retirados da sua própria existência em função das influências produzidas pelo consumo de informação proveniente dos meios de comunicação social. A mídia e a propaganda actuam como principais elementos de massificação dos sujeitos. Pela mídia todos desejam imitar “as figuras públicas ou procuram seguir e fazer aquilo que esta na moda; seguindo uma onda que os identifica com aqueles que aparentemente representam a opinião da maioria e que supostamente a maioria aprova, mas que na realidade, na esfera pública taís aparências ou percepções são apenas resultados da disseminação da informação difundida pela mídia, onde se cria uma percepção de que aquilo de está a ser dito é o melhor para todos, ou seja é a opinião pública"...
Apesar da comunicação ter uma visão macro da cultura de massa, e individualmente, da cultura popular, partindo do princípio de que cada ser tem seu próprio pensamento, a realidade é que as pessoas geralmente reagem em função do comportamento dos seus guias ou das suas "estrelas" entenda-se, as pessoas agem influenciadas directa ou indirectamente em função das reacções daqueles que eles elegem e credibilizam como seus formadores de opiniões, isto em função do protagonismo público que estes têm na esfera pública.
Para exemplificar podem ver o número de reacções ou "comentários" que tem nos posts de alguns jornalistas, analistas ou políticos, como Ismael Mateus, Reginaldo Silva, Celso Malavoloneke, Luísa Rogério, Graça Campos, João Pinto e tantos outros líderes de opinião da nossa esfera pública.
Porém, o conceito de massa ou da indústria cultural é aqui abordado em função das reacções massivas onde a febre da aparente satisfação parece ter deslumbrado vozes antes "omissas" mas que faziam eco ao adágio popular "quem cala consente"!
Talvez devemos entender o motivo de tanta euforia, centrados na propagação
dos efeitos da mídia pela forma que deu cobertura a matérias ligadas a empresa pública Sonangol que pelo seu posicionamento na economia angolana e muito dos seus assuntos acabam por ser de interesse público, pois as acções dai resultantes tem efeitos primários na vida dos cidadãos.
Por exemplo, quando se aumenta o preço da gasolina, geralmente toda estrutura de preços no mercado nacional, sofrem alterações. E mais se pode ver com relação ao preço do barril de petróleo no mercado internacional, que tem reduzido as perspectivas de vida melhor, pela escassez de divisas, entenda-se dólar ou euro.
Mas, no meio de tanta euforia, o que está mesmo a passar como se nada fosse são os outros assuntos que entre tantos, alguns serão discutidos na sessão plenária da assembleia a ser realizada no dia 17/11/017, onde se pretende avaliar a aprovação da pauta aduaneira revista, que para muito de nós, esta pauta tem sido a pauta das reprovações, e que infelizmente muitas das políticas ai constantes não se ajustam a nossa actual realidade. Mas como o assunto ainda não está na moda...quem sabe não ficará para depois (...);
Outra situação que parece ter ficado também "adormecida" é a questão do aumento da criminalidade. Por termos novos assuntos que dominam os temas de interesse público, a pressão que se vinha fazendo, sobre a necessidade de se conter os índices da ascensão da criminalidade parece que ficaram por baixo da mesa na euforia das abordagens da mídia e dos cidadãos.
Perante a tanta euforia três lições podem ser apreendidas.
1- A maioria geralmente dança a música que esta na moda, e procuram dar os toques da dança que esta na moda;
2- Para muitos nem sempre o prioritário é o mais importante;
3- A maioria nunca escolhe o que quer realmente, geralmente escolhe o que os outros lhes dizem ser melhor e esquecem o que lhes poderá ser útil no futuro;
Infelizmente por assim ser, muitos são os que acabam por não validar as suas opiniões em detrimento da opinião publicada.
As manifestações eufóricas resultantes da "onda de exonerações" protagonizadas pelo Presidente da República nos últimos dias, tem vindo a certificar mais uma vez o comportamento de "massa" que chegou a ser descrito de forma brilhante pelos estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da escola alemã de Frankfurt, onde célebres intelectuais desenvolveram a conhecida Teoria Crítica da Sociedade. Entre os seus principais integrantes destacamos nomes sonantes como: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Lowenthal, Erich Fromm, Jurgen Habermas, entre outros.
Para estes pensadores, a indústria cultural actua como uma forma de padronização dos gostos e desejos dos seres humanos, voltando-os para o consumo, aqui falamos em particular do consumo da informação.
A referência ao consumo da informação se estende a vida para o trabalho e a diversão como forma de alienação, caracterizada pela forma das pessoas não conseguirem reconhecer que são retirados da sua própria existência em função das influências produzidas pelo consumo de informação proveniente dos meios de comunicação social. A mídia e a propaganda actuam como principais elementos de massificação dos sujeitos. Pela mídia todos desejam imitar “as figuras públicas ou procuram seguir e fazer aquilo que esta na moda; seguindo uma onda que os identifica com aqueles que aparentemente representam a opinião da maioria e que supostamente a maioria aprova, mas que na realidade, na esfera pública taís aparências ou percepções são apenas resultados da disseminação da informação difundida pela mídia, onde se cria uma percepção de que aquilo de está a ser dito é o melhor para todos, ou seja é a opinião pública"...
Apesar da comunicação ter uma visão macro da cultura de massa, e individualmente, da cultura popular, partindo do princípio de que cada ser tem seu próprio pensamento, a realidade é que as pessoas geralmente reagem em função do comportamento dos seus guias ou das suas "estrelas" entenda-se, as pessoas agem influenciadas directa ou indirectamente em função das reacções daqueles que eles elegem e credibilizam como seus formadores de opiniões, isto em função do protagonismo público que estes têm na esfera pública.
Para exemplificar podem ver o número de reacções ou "comentários" que tem nos posts de alguns jornalistas, analistas ou políticos, como Ismael Mateus, Reginaldo Silva, Celso Malavoloneke, Luísa Rogério, Graça Campos, João Pinto e tantos outros líderes de opinião da nossa esfera pública.
Porém, o conceito de massa ou da indústria cultural é aqui abordado em função das reacções massivas onde a febre da aparente satisfação parece ter deslumbrado vozes antes "omissas" mas que faziam eco ao adágio popular "quem cala consente"!
Talvez devemos entender o motivo de tanta euforia, centrados na propagação
dos efeitos da mídia pela forma que deu cobertura a matérias ligadas a empresa pública Sonangol que pelo seu posicionamento na economia angolana e muito dos seus assuntos acabam por ser de interesse público, pois as acções dai resultantes tem efeitos primários na vida dos cidadãos.
Por exemplo, quando se aumenta o preço da gasolina, geralmente toda estrutura de preços no mercado nacional, sofrem alterações. E mais se pode ver com relação ao preço do barril de petróleo no mercado internacional, que tem reduzido as perspectivas de vida melhor, pela escassez de divisas, entenda-se dólar ou euro.
Mas, no meio de tanta euforia, o que está mesmo a passar como se nada fosse são os outros assuntos que entre tantos, alguns serão discutidos na sessão plenária da assembleia a ser realizada no dia 17/11/017, onde se pretende avaliar a aprovação da pauta aduaneira revista, que para muito de nós, esta pauta tem sido a pauta das reprovações, e que infelizmente muitas das políticas ai constantes não se ajustam a nossa actual realidade. Mas como o assunto ainda não está na moda...quem sabe não ficará para depois (...);
Outra situação que parece ter ficado também "adormecida" é a questão do aumento da criminalidade. Por termos novos assuntos que dominam os temas de interesse público, a pressão que se vinha fazendo, sobre a necessidade de se conter os índices da ascensão da criminalidade parece que ficaram por baixo da mesa na euforia das abordagens da mídia e dos cidadãos.
Perante a tanta euforia três lições podem ser apreendidas.
1- A maioria geralmente dança a música que esta na moda, e procuram dar os toques da dança que esta na moda;
2- Para muitos nem sempre o prioritário é o mais importante;
3- A maioria nunca escolhe o que quer realmente, geralmente escolhe o que os outros lhes dizem ser melhor e esquecem o que lhes poderá ser útil no futuro;
Infelizmente por assim ser, muitos são os que acabam por não validar as suas opiniões em detrimento da opinião publicada.
terça-feira, 7 de novembro de 2017
COMUNICAÇÃO E OPINIÃO PÚBLICA/LIVRO DE BENTO JOSÉ DOS SANTOS
COMUNICAÇÃO E OPINIÃO PÚBLICA é a segunda obra literária do autor Bento José dos Santos. Publicada no ano 2016 a obra passou a estar disponível para o público em Janeiro do ano 2017. Comunicação e Opinião Pública é um livro científico resultante de um trabalho de pesquisa exploratória de campo, de natureza aplicada qualificativa que analisou a participação dos cidadãos nos meios radiofônicos durante o processo da formação da opinião pública.
A pesquisa até então inédita no campo das ciências da comunicação social angolana, procurou dar respostas as seguintes questões: A Opinião Pública é Realmente Proveniente do Público? Os Meios de Comunicação Social Formam a Opinião Pública? Quem é Figura Pública? O que é a Imagem No Contexto da Opinião Pública? Como Se Forma o Estado de Opiniões e Comentários No Contexto da Opinião Pública? A Sua Opinião é Opinião Pública? (...); e muito mais.
Com uma tiragem de mais de 1500 exemplares a obra requer já uma nova tiragem dada a elevada procura por parte do público leitor. Comunicação e Opinião Pública aborda a necessidade da mudança de paradigma do modelo de jornalismo angolano que caracteriza-se pelo protecionismo institucional, onde as informações são geralmente extraídas de reportes institucionais, mudando para um modelo de jornalismo mais factual e actuante caracterizado pela investigação jornalística.
Disponível nas livrarias Irmãs Paulinas, Mensagem e na Discoteca Valódia o livro Comunicação e Opinião Pública, se apresenta como um contributo válido de leitura obrigatória para os profissionais da comunicação, assim como do campo científico, estudantes do curso de Comunicação Social e Ciências da Comunicação, e os demais profissionais das áreas das ciências humanas, psicólogos, sociólogos, juristas, economistas entre outras áreas do saber.
Compre e Léia!
Comunicação e Opinião Pública; A Sua Opinião Na Participação Social.
PENSAR SOCIAL, EXERCER CIDADANIA/LIVRO DE BENTO JOSÉ DOS SANTOS
O livro Pensar Social, Exercer Cidadania é uma obra do género metaficção cujo conteúdo aborda problemas sociais sobre a criminalidade, a sinistralidade rodoviária, a perca dos valores morais e sociais e consequentemente apresenta propostas de soluções. Considerada a primeira obra do autor apresentada na esfera pública, a mesma contou com uma tiragem de 2000 exemplares, tendo atingido o macro de vendas de 230 livros no dia da sua apresentação pública.
Publicada no ano de 2015, o livro Pensar Social, Exercer Cidadania foi considerado pioneiro no mercado literário angolano com estilo gráfico narrativo intercalando os temas entre a ficção e a realidade.
Entre os capítulos de destaque dá-se realce aos seguintes temas: Mina Nuclear Lá No Bairro; A Justiça deve Alcançar a Justeza; Quem Foi a Fonte? Sangue no Asfalto; Por Baixo do Capacete; O Discurso do Morto; e muito mais!
Pensar Social, Exercer Cidadania.
Porque Somos Cidadãos Devemos Participar.
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