Por: Bento dos Santos
Apesar das inúmeras desigualdades no acesso directo aos meios de comunicação social, está comprovado cientificamente que antes, nunca houve tantas e tão variadas tecnologias e suportes de comunicação e informação como os que actualmente funcionam como alternativa a esses meios.
Antes, não havia tamanha circulação de conteúdos no contexto periférico da comunicação social.
Na actualidade, não há como negar que a televisão, a imprensa escrita e falada, e a internet são potencialmente os novos espaços privilegiados para a transformação e reflexão social, muitas vezes aproximando pessoas e grupos, familiarizando o cotidiano, sustentando ou derrubando ideologias, apontando caminhos mais criativos, denunciando deformidades sociais, como a corrupção e outros tantos problemas sociais.
Todavia, os inúmeros novos meios de comunicação e informação criaram também novos actores no espaço periférico da comunicação social e estes agem a margem do contexto formal buscando aceder as fontes de informação, o que pressupõe um novo desafio para as sociedades democráticas que tem na mobilização um dos seus principais campos de actuação. Isto porque o modelo dos estados democráticos fundamentam-se essencialmente a partir da base participativa e deliberativa, o que também pode ser entendido como um modelo que prevê o alargamento do conceito de cidadania, isto é, abrangendo o maior contingente de cidadãos portadores de direitos como nunca antes visto na história.
Tomemos como exemplo a disseminação das informações no espaço público, sobre casos aliados a criminalidade no que concerne às matérias que apresentam uma perspectiva de uma determinada política pública. Quanto a esta questão uma das perguntas que pode ficar e que pode ser estendida às outras temáticas, é:
Em que medida esse tipo de intervenção tem colaborado efectivamente para pautar o Estado no sentido de que adopta uma política efectiva para a resolução de uma determinada questão ligada a criminalidade?
É no contexto da interação entre os cidadãos, especificamente a sociedade civil e o Estado, que surgem dispositivos que agindo na periferia do poder público (as redes sociais sob plataforma da internet), permitem a participação na discussão e deliberação acerca dos mais variados temas públicos.
Porém, é também a partir desta imensidão de fontes e de excedente de informação e de canais de comunicação que se denota a incompreensão social sobre o foco de muitas mensagens públicas.
Assim para garantir a existência e efectividade desses fóruns, vê-se o poder público diante da necessidade de ser ele próprio o mobilizador direccionando as suas acções para uma comunicação social mais objectiva e realista.
O alargamento da perspectiva a que nos referimos inclui entre as suas diversas finalidades não somente a difusão das informações supostamente do interesse público. Mas também há necessidade de assegurar as relações sociais, no caso entre o Estado e os Cidadãos, assim como provocar alterações na organização social nos regimes democráticos. Ou seja, uma prática que contribua para alimentar o conhecimento cívico, e que venha a facilitar à acção pública e garantir o debate público.
Outrossim, de que maneira o cidadão poderá fazer valer a sua prerrogativa de participar efectivamente dos temas em abordagem nos meios de comunicação social?
Talvez em diferentes contextos seja diferente, mas é sempre possível que um cidadão busca alcançar isoladamente essas instâncias, isto para ter a possibilidade de dar voz às suas opiniões, expectativas e interesses.
Entretanto, o que chamamos de participação nessas instâncias é na verdade uma complexa busca para a combinação de actores, no caso pessoas e instituições que podem se mobilizar para essa finalidade. Isto implica necessariamente a questão da dimensão dos temas abordados na esfera pública. É a partir desta união que se pretende, que o espaço virtual tem permitido fundir tendências culturais e comportamentais, ausentes dos padrões sólidos aliados ao carácter e aos valores individuais de cada um. Essas digressões virtuais, muitas vezes anulam as fronteiras do bom senso e instantaneamente fazem surgir e promover a incompreensão das mensagens no espaço público.
Contudo, actualmente no contexto da comunicação social angolana se denota uma grande ausência da abrangência do tratamento das questões factuais consideradas importantes e do interesse público com base no jornalismo factual e isento.
Questões como a definição das políticas públicas existentes e que deveriam existir, bem como o acompanhamento e avaliação das metas que devem ser cumpridas e muitas outras, têm sido deixadas de lado, o que dá consistência a uma constatada confusão perante a realidade dos factos, e as redes sociais tem então sido utilizadas como campo alternativo para a participação dos cidadãos na vida pública o que também faz renascer a histórica "Torre de Babel" versada nas temáticas bíblicas. E não é que lá (...) todos falam mas não se entende nada!!!
E agora mais esta pá!
Obs: Qualquer utilidade deste artigo deverá referenciar a fonte. Pois este texto é parte integrante da nova obra literária do autor Bento José dos Santos.
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