Por: Bento dos Santos
Quem conhece as Relações Públicas
(RP) como ciência certamente não ficará supresso com a afirmação de que “a arena
diplomática se apresenta como o cenário propício para vigência de acções de
relações públicas, principalmente pelo facto desta fazer recurso a comunicação
integrada no contexto internacional”. O próprio conceito de que as Relações
Publicas são o esforço deliberado, planificado e continuo para estabelecer uma
compreensão mutua entre uma organização e seus públicos, (segundo o “Bristish
Institute of Public Opinion, cuja definição também foi adoptada por vários
países pertencentes a Commonwealth”), começa a conhecer um outro conceito não
menos académico, que faz referência a mudança do paradigma conceitual das RP
como sendo nada mais, nada menos do que a vigência da comunicação integrada
(entenda-se uma coligação das áreas de especialização das ciências da
comunicação, nomeadamente: Jornalismo, publicidade, Marketing e Relações
Públicas).
Numa altura que testemunhamos um mundo
ocidental a oscilar entre a contenção da crise económica que actualmente vai se
ensaiando entre os mercados de algumas das maiores potências económicas mundiais
(França e Alemanha) por cá, assiste-se nos últimos tempos, varias incursões de
líderes de partidos políticos da oposição, a implementarem estratégias de projecção
política das suas actividades no contexto internacional. É bem verdade que tais
campanhas têm estado encobertas sob o manto de acções de diplomacia, que até
onde se sabe perspectivam angariar alianças estratégicas para um melhor
desempenho na arena da disputa politica. Apesar de tal facto ser prescindente,
em nada anula a preocupação manifesta por alguns círculos de reflexão da sociedade
civil no que diz respeito aos reais propósitos de tais acções.
Antes de mais, é preciso
clarificarmos que a responsabilidade da elaboração e implementação das agendas
dos partidos políticos é única e exclusiva responsabilidade dos seus
dirigentes, assim como dos seus demais integrantes. No entanto, no que diz
respeito as consequências resultantes de tais agendas ou acções destes partidos,
não podem ser vistas como actos isolados quando seus efeitos massificam-se no
contexto social interno de um país soberano.
A título de exemplo, subescrevemos
alguns estratos dos mais recentes pronunciamentos do líder do partido UNITA Isaías
Samakuva na sua mais recente digressão pela arena internacional. Salientamos
que os estratos aqui transcritos são decorrentes de um seminário na Inglaterra,
especificamente na cidade de Londres no
Instituto Real de Relações Internacionais. Isaías Samakuva igual a si
mesmo desvaira-se mais uma vez alegando que: “é a UNITA que está a segurar a paz frágil ao dizer ao povo para confiar
na capacidade dos seus líderes em conseguir uma mudança profunda", fim de
citação. Tal pronunciamento desmedido e irreal do líder da UNITA procurou
confundir até certo ponto a percepção daqueles que acompanham indirectamente a
vida política angolana, a partir do exterior.
No mesmo diapasão o líder da UNITA continuou a sua intervenção alegando
que “Angola vive um clima de tensa instabilidade política e social que o actual
estado politico e social, é equiparado a um barril de pólvora prestes a
explodir”. Dando continuidade as suas alegações Samakuva frisou ainda, que “as distintas
lideranças políticas angolanas devem evitar a promoção dos ventos da primavera árabe,
referindo-se neste caso a propósito das revoltas populares ocorridas em países
do norte de África e do Médio Oriente desde o pretérito ano de 2011.
Os argumentos do líder do partido UNITA transcritos em epígrafe não só evidenciam
a sua pretensão maquiavélica da ascensão ao poder, como também revelam o
seu perfil politico, carregado de estereótipos, pois Samakuva assume-se como
promotor de gema da proliferação da exacerbação do radicalismo político social,
uma vez que por cá sabemos que a UNITA é pioneira na promoção da desorganização
social, e que infelizmente está é uma das principais causas dos efeitos
perversos em qualquer sociedade.
É óbvio
que o líder da UNITA sairia com mais vantagens nas suas acções diplomáticas, se
pauta-se por um discurso de consciência colectiva, baseado no interesse nacional, pois a
manutenção da paz é um objectivo nacional permanente para nós angolanos, tendo em
conta que a mesma promove a união das gerações e torna mais fácil o alcance do
consenso social, e sendo ela ainda muito recente, nunca é demais acções que
visam a consolida-la.
Fazendo recurso ao conceito de “Realpolitik”, notamos que o mesmo faz
alusão ao princípio de que as relações internacionais não apenas norteadas pela
ética ou ideologias, mas sim, pela defesa dos interesses nacionais. Em suma, os
estados não têm “amigos” e nem compartilham ideais, simplesmente fazem valer
seus objectivos económicos e políticos. Sob este principio básico de diplomacia,
nos questionamos sob a maturidade politica do líder da UNITA.