sábado, 17 de dezembro de 2011

O DIÁLOGO COMO ESTRATEGIA DE ESTABILIDADE POLÍTICA E SOCIAL





Por: Bento José dos Santos

“Há hoje algumas incompreensões e mesmo equívocos que é preciso esclarecer. Penso que isto acontece porque o diálogo não ainda não é suficiente. O sector competente do executivo deve aprimorar as vias do diálogo sociais e ouvir, auscultar e discutir mais, para que os assuntos sejam tratados em momentos e lugares certos, e sejam encontradas e aplicadas soluções consensuais”…


José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola.


No passado dia 18 de Outubro de 2011, o Presidente da República Angola, proferiu um discurso sobre o Estado da Nação Angolana, durante a cerimónia de abertura da IV Sessão Legislativa da II Legislatura da Assembleia Nacional. O nosso presidente trouxe em voga a questão da necessidade de se estabelecer canais de diálogo entre o sistema governante e a juventude. Indo um pouco mais além, sabe-se que esta necessidade abrange a todos sectores sociais.


Apesar da maioria das reacções da opinião pública demonstrar estar de acordo com a visão do presidente, ainda não se sentiu o real posicionamento técnico (Comunicólogos) daqueles que tem a árdua missão de implementar os sistemas e processos de comunicação no seio da sociedade, uma vez que são detentores de formação específica e profissionalizante nesta área.


Dialogar é comunicar. A comunicação por sua vez, é um processo complexo de estruturas e ferramentas que devem ser incorporadas no dia-a-dia da sociedade, sejam elas organizações, sociedade civil, ou mesmo militar e paramilitares, todas elas estão envolvidas no papel de actores sociais, e logo concorrem ao propósito de produzir a sustentabilidade social.


Apesar de dialogar ser objectivamente comunicar, o risco da deturpação conceitual da comunicação é extensiva e vivenciada diariamente, enquanto se confunde a comunicação com a dominação, o exercício do poder, a manipulação, a sedução ou mesmo a bendita informação!


A comunicação não pode ser confundida com a informação, pois a informação é geralmente impessoal, e pode até ser mecanizada. Entretanto, a informação é matéria-prima da comunicação. Sendo que quem esta informado, esta melhor preparado para o diálogo.


O campo genuíno da comunicação é sempre baseado na argumentação, opinião e esclarecimento, pois estes anulam o campo da coerção, da manipulação, da sedução e da simples informação. Apesar disto o campo da esfera comunicacional é também o campo da persuasão, mas da persuasão consciente, onde se elege os melhores argumentos que moldam as opiniões, e por fim, a actuação das pessoas esclarecidas.


A comunicação é um fluido social que torna possível o relacionamento humano. O que precede o diálogo ou o relacionamento comunicacional das instituições, ou organizações sociais é o conteúdo ou a mensagem que se pretende estabelecer com os seus interlocutores, no caso a população.


Outro aspecto fundamental desse processo é a forma dialogista que se deve estabelecer no processo comunicacional. A definição dos canais de comunicação deve ser de mão dupla, considerando o diálogo pela troca de conhecimento, informações e percepções, que serão os insumos para a retroalimentação do processo comunicacional. Isto é vital para a organização social.


Com esta compreensão, a comunicação do executivo angolano precisa partir em primeira instância na apresentação da sua identidade. Isto seria possível através de um exercício democrático, publicitando quem ela realmente é, para poder ser conhecida, entendida e assim a sua mensagem ou discurso será compartilhado e assimilado pelos seus interlocutores.


É preciso exteriorizar o certo e também o errado a nível da informação. As instituições públicas, assim como executivo é gerido por seres humanos…com um exercício de equilíbrio da informação, a população escusava rejeitar as informações propagadas que projectam uma imagem de falsa perfeição perante aos factos do quotidiano.
Só através da criação de um canal de promoção da identidade pública do governo, baseado na clareza e transparência concisa da identidade do executivo, poderemos criar um governo aberto ao diálogo permanente, e obviamente caminharemos para uma melhor estabilidade social e política.


Para alcançar tal objectivo o sector competente do executivo no caso o Ministério da Comunicação Social é chamado a fazer o seu papel. O primeiro passo devia ser a elaboração de um plano estratégico para promoção da identidade institucional e social do executivo assim como a criação de vias de diálogo com a sociedade.


Apesar da falta de acções, o desafio esta lançado o presidente foi feliz, no seu pronunciamento. Realmente necessitamos de canais para ouvir, auscultar e discutir mais, para que os assuntos sejam tratados em momentos e lugares certos, até lá aguardamos os resultados dos órgãos competentes!

sábado, 3 de dezembro de 2011

ENTRE A EXPERIÊNCIA E O CONHECIMENTO:





Por: Bento José dos Santos






Os contextos são diversificados, mas as contradições mantêm-se.
Existe realmente diferença entre a experiência e o conhecimento profissional?!”
Atente as seguintes afirmações:

- “Empresa de renome internacional precisa para os seus quadros “Director Financeiro”, formado em Economia ou gestão com mais de cinco (5) anos de experiência profissional”…

- “Ele domina o assunto, mas lamentavelmente não possui a formação académica específica para a vaga que concorre”;

- “É um candidato que o seu perfil se enquadra com a vaga, só que não tem experiência de trabalho…”

- “Quase que seria o homem certo para ocupar esta vaga, entretanto, não fala a língua inglesa…”

São inúmeras as situações que podem inviabilizar o inicio ou mesmo a inserção profissional de um ou vários candidatos a uma determinada vaga. As que acabo de citar textualmente não extinguem a imensidão das hipóteses deste assunto muito debelado.

A questão do desenho e avaliação do perfil profissional é um tema tão polémico que dificilmente reúne consenso. Independentemente desta variante, actualmente a problemática tem evoluido para o ambiente interno de muitas organizações, onde de maneira reformulada se revê a questão sob contexto de qual das valências seria a mais importante…experiência profissional ou conhecimento académico científico?

Juca Fernandes funcionário de uma empresa fornecedora de serviços no sector petrolífero sente-se desmotivado. O mesmo alega que os trinta (30) anos de experiência profissional não têm sido justamente recompensados. Ele afirma que na sua empresa aparecem novatos nas vestes de senhores engenheiros a beneficiarem-se de mais compensações do que ele…entretanto, segundo Juca Fernandes, estes engenheiros não possuem a capacidade prática de executar as tarefas que lhes recai em função do título académico, cabendo a ele a missão de realizar as tarefas mais complexas, como se, o dito engenheiro fosse ele próprio…

Noutro quadrante, muitos gestores de áreas operacionais se justificam alegando que o volume de trabalho que sobre eles recai é tão extenso, que acabam por ficar sem tempo para executar e acompanhar cabalmente as tarefas das áreas operacionais, ficando geralmente pelo segmento administrativo (ocupado com reuniões, despachos etc.), ficando deste modo terciarizada a responsabilidade de execução prática das acções aos técnicos… e vão mais longe, alegando que os operários de base ou mesmo intermédios, só sobrevivem graças a capacidade psicocientifica dos detentores de conhecimento científico!

Entretanto no meio deste cenário levanta-se outra questão, que convém desde já, delimita-la conceitualmente…

O quê a experiência?

O dicionário electrónico de língua portuguesa “Priberam” define experiência como uma palavra que deriva do (latim experientia, -ae, ensaio, prova, tentativa) o que significa conhecimento adquirido por prática, estudos, observação, etc.

Segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre, em
epistemologia, experiência é o contacto epistémico (geralmente perceptual) directo e característico com aquilo que se apresenta a uma fonte cognitiva de informações (faculdades mentais como a percepção, a memória, a imaginação e a introspecção). Para alguns filósofos (Descartes, por exemplo) aquilo que se dá a qualquer uma dessas faculdades é experiência (embora ele não utilize essa palavra, mas sim a palavra pensamento).

Sintetizando com base nos conceitos expostos podemos definir a experiência como a prática de vida, ensaio, ou ainda o facto de a pessoa ser capaz de experimentar, reconstruir e modificar algo, podendo também interpretar a experiência como a forma de verificarmos um fenómeno físico, experimentando algo através dos nossos sentidos.

Quanto ao conhecimento…


A definição clássica de conhecimento, originada em
Platão, diz que ele consiste de crença verdadeira e justificada. Aristóteles divide o conhecimento em três áreas: científica, prática e técnica.
O conhecimento pode ainda ser
aprendido como um processo ou como um produto. Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos o conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um processo, podemos então olhar o conhecimento como uma actividade intelectual através da qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa.

Conclusão


Não existe uma separação entre a experiência e o conhecimento, uma vez que ambas qualidades são intrinsecamente dependentes, diferenciando-se na sua aplicação, uma vez que ao se ganhar experiência esta a se obter conhecimento e vice-versa.


O que deve se propagado de forma correcta quando se pretende distinguir o valor profissional dos quadros é o uso do termo técnico “know-how” que na tradução literária na língua portuguesa “compreende-se como saber fazer”.

Outra forma que pode-se ser tida como a mais correcta a quando da distinção de valores profissionais é baseado na prática. Um funcionário pode ter mais prática em relação ao outro, o que pode servir de item para a ficha de avaliação de valor.


Assim sendo o conhecimento profissional será a integração de tudo o que aprendemos de forma especifica durante a nossa formação e vivência profissional, e para tal a vivência será baseada em situações de experimentação, é ai que reside o nosso real valor profissional...na experiência que por sua vez é também o nosso conhecimento!