Muitos da actual geração dos jornalistas Angolanos formaram uma categoria de suma importância na implementação do actual sistema politico Angolano. Num passado recente os profissionais da classe viram a sua oportunidade de formação e especialização por via das bolsas atribuidas na década 80.
Os jornalistas se formavam na própria redação, e a própria redacção. Muitos vinham de famílias de baixa renda e após serem linotipistas acabavam por se transformar em jornalistas. Facto que até hoje começa a dar sinais de mudança, pois pessoas de baixa renda começam a sentir dificuldades de conseguirem emprego de jornalista numa redação.
Na década de 1990, com o neoliberalismo, o jornalismo virou uma mercadoria como outra qualquer, aqui para nós este fenómeno começou precisamente desde 1992. O que importa é o quanto vai render. Infelizmente a caixa de pandora esta a ser aberta lentamente no jornalismo Angolano e começa a valer tudo ou quase tudo.
Actualmente na grande imprensa mercantil o que importa começa a ser o número de cópias vendidas a verdade factual não é mais buscada e sim o quanto a informação publicada vai render aos investidores, o que promove o sensacionalismo. O jornalista não tem liberdade de escrever sobre o que acha de determinado assunto, e quem dúvidar que o prove... A pauta é ferramenta de controlo.
Actualmente é impossível escrever qualquer matéria sem analisar os parceiros, como exemplo as empresas que anunciam neste meio o que dá a falsa impressão de que só tem liberdade de expressão quem tem muito dinheiro. Assim não é suicidio afirmar que quem estrangula a liberdade de imprensa são os próprios profissionais da classe, mas é preciso sublinhar que estes são os falsos profissionais, individuos adaptados, que pelo facto de saberem escrever são rotulados como jornalistas.
Isso quebra qualquer sentido de imparcialidade do jornalismo. É só ler as matérias das capas dos jornais para perceber que sempre tem uma matéria negativa direccionada ao governo e nada contra a oposição, os pensos mornos não cessam, e não faltam motivos para se escrever sobre taís governantes.
A ordem dos detentores midiáticos é derrubar a imagem do lider do partido no poder não por amor a moralidade pública ou outra causa nobre, mas para assumir uma atitude revanchista de filhos traidos. De forma orgânica a mídia privada tem batido todos finais de semana sobre a imagem presidente de Angola, promovendo a falsa informação de que tem sucesso é corrupto (...) assim julgam os hipocrátes.
E disso sabem os jornalistas que publicam as matérias diariamente nos jornais. Ninguém é ingênuo. Esses jornalistas são oriundos da classe média Angolana e muitos deles são ideologicamente fechados. Seguem de forma canina o que mandam os donos das redacções, alugam o corpo do pescoço para cima. Isso coloca na ordem do dia a necessidade de democratização do acesso aos meios de comunicação. Os bancos Angolanos poderiam conceder financiamento para fortalecer outras empresas de comunicação e que novas sejam criadas. Também portais devem ser criados e estimulados na internet além de popularização da banda larga. As rádios comunitárias precisam de ser rapidamente criadas em toda extensão do país e com apoio, e o espectro eletromagnético (cada canal pode se transformar em quatro).
Talvez deviamos começar pela realização de conferências sobre a Comunicação Social Angolana no seio acádemico trate deste tema com a devida inteligência.