terça-feira, 17 de novembro de 2020

NA INTERNET TODOS FALAM, MAS A MAIORIA FALA SOBRE O QUÊ?




Por: Bento dos Santos

Nos livros Comunicação e Opinião Pública (2016) e Comunicação Para Mobilização Social, Pressupostos Para Acções Colectivas (2019) abordei a questão do excedente de informações que se produz na internet. 

Recentemente, em uma entrevista concedida num programa radiofônico defendi a necessidade das instituições de ensino, procederem a actualização dos seus programas curriculares para poderem capacitar os estudantes a terem mais conhecimentos sobre o quê, como, e se possível quando devem consumir determinadas informações na internet. 

A reflexão se incide sobre a necessidade de poder ser criada uma disciplina que pudesse capacitar os alunos ou os estudantes a avaliarem o tipo e a qualidade dos conteúdos que devem consumir na internet. Até o momento este pensamento não passa de uma idéia que nos próximos tempos poderá ser assumida por outras pessoas. 

Entretanto, o excedente de informações que têm sido produzidas e disseminadas nas redes sociais, tem alcançado dimensões e níveis de preocupações que por vezes, torna muitos consumidores dos conteúdos do universo da internet como se fossem bonecos de recreação. Cada um a sua maneira, escreve, faz a sua publicação, partilha, defende o que pensa, ou defende "o que pensa que pensa" e assim se concretiza a 《dita democracia》. 

O excesso de informações na internet faz-me lembrar o registo histórico bíblico da Torre de Babel. Neste particular, creio que sejamos muitos os que sabemos o que geralmente acontece quando todos falam ao mesmo tempo. Na verdade a experiência de vida nos tem ensinado que "quando todos falam ao mesmo tempo acabam por criar ruído e o processo de comunicação fica comprometido, tendo em atenção que a mensagem é distorcida e os interlocutores da suposta comunicação acabam por não se entenderem.

Sem regras, sem limites, sem qualquer tipo de organização, na internet o que parece ser o melhor para cada um é fazer o que quer. Talvez sob forma de exemplo de classificação seja a designação de uma nova Torre de Babel, pois na internet de uma ou de outra forma (com escrita, vídeos, etc) todos falam. Mas será que todos que falam na internet têm sido ouvidos?

E caso estejam a ser ouvidos será que são percebidos?





 

domingo, 15 de novembro de 2020

A PANDEMIA DAS NOTICIAS FALSAS

Por: Bento dos Santos.

Quantas notícias falsas você lê diariamente? 

Trinta, cinquenta ou apenas dez? 

Na actualidade, com o surgimento e desenvolvimento da internet e das redes sociais ficou mais difícil sabermos exactamente o número de notícias ou informações falsas que chegam ao nosso conhecimento diariamente. 

Desconhecendo a dimensão do excedente de informações falsas que chegam ao vasto público a todo instante, surgem as consequências. Uma "pandemia de informações falsas" tem dominado a atenção do vasto público usuário das redes sociais. 

Os meios de comunicação social tradicionais (a televisão, rádio, jornais, revistas, etc) não tem conseguido acompanhar a velocidade da produção da informação em tempo real, deixando a mercê de quem se acha no direito de filmar, fotografar, escrever e publicar o que acha ser do seu direito de liberdade de informar e de ser informado, perante a vigência da democracia e das liberdades constitucionais. 

Com a possibilidade do livre arbítrio de "cada um fazer o que quer" a pandemia das notícias falsas tem ganhado um amplo espaço de proliferação perante a indiferença da própria sociedade. 

A expressão "pandemia" tem a sua origem na língua grega "pandemías" que na língua portuguesa significa "todo povo". A expressão em causa "pandemia" é usada nos termos técnicos da saúde e para os profissionais de saúde uma "pandemia deve ser entendida em uma escala de gravidade devido o surgimento de casos mais delicados. A pandemia é assim caracterizada por uma epidemia que se espalha por diversas regiões do planeta". E como sabemos, a pandemia está também associada a epidemia que é o aumento considerável do número de casos de determinada doença em diversas regiões de um determinado país. 

Achamos oportuno fazer a distinção conceitual entre a "Pandemia e a Epidemia" para facilitar o raciocínio lógico de quem poder nos brindar com a sua atenção fazendo a leitura deste texto. 

Retomamos a questão de partida, mas antes vamos buscar subsídios argumentativos no conceito de aldeia global criado pelo filósofo canadense "Herbert Marshall McLuhan (1962)" em que o autor aborda que: "as novas tecnologias electrónicas tendem a encurtar a distância e o progresso tecnológico, reduzindo todo planeta à uma situação idêntica a que ocorre em uma aldeia; um mundo em que muitos estariam, de certa forma, interligados". 

O conceito de aldeia global nos remete a reflectir sobre o facto de que, através da internet em determinados momentos parece que estamos todos juntos e misturados. E assim, para a nossa surpresa, passamos a saber que a "pandemia das notícias falsas" não é nova. 

Para termos uma ideia do tempo da existência da "pandemia das notícias falsas" basta que cada um de nós faça um breve exercício de memória e se lembre de uma situação em que foi vítima de uma notícia ou uma informação falsa que circulou na sociedade virtual da internet e que chegou até o seu conhecimento. 

Diferente da pandemia da Covid-19 que submeteu abertamente o mundo a mercê do medo, a pandemia das informações e das notícias falsas é silenciosa e continua a fazer as suas vítimas a todo instante. 

Algumas vítimas desta pandemia acabam mesmo por perder a vida. Porém, por cá, não se conhece publicamente um estudo sobre as causas e as consequências das notícias falsas que podia servir de referência para podermos extrair os dados e partilharmos neste texto. 

Sabemos que as informações e as notícias falsas tem causado muitos dissabores as suas vítimas. É uma pandemia que esta a ser disseminada a nível mundial e uma das possibilidades, para podermos reduzir o seu campo de abrangência recai para a responsabilidade individual que cada um de nós devemos ter antes mesmo de virmos a consumir e partilhar informações que não conhecemos a credibilidade e a veracidade da fonte que nos remeteu a uma determinada informação. 

Outra possibilidade recai ao papel das instituições públicas que devem salvaguardar os direitos constitucionais consagrados a cada cidadão. Portanto, só será possível mantermos os níveis de sã convivência social, mantendo a disciplina e o rigor nas nossas acções. Caso contrário, é bem provável que continuaremos a ser meros disseminadores da "pandemia das notícias e informações falsas".

domingo, 7 de junho de 2020

COMO PODEMOS DIFERENCIAR OS PROCESSOS DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL?


O livro Comunicação Para Mobilização Social, Pressupostos Para Acções Colectivas

Adquira o livro na livraria Irmãs Paulinas, livraria Mensagem e na Discoteca Valódia.

Comunicação Para Mobilização Social, Pressupostos Para Acções Colectivas.

"Comunicar para Mobilizar".

Boa leitura.

Lembre-se que:

UMA LEITURA MAIS CONHECIMENTO.

sábado, 6 de junho de 2020

O livro Comunicação e Opinião Pública

Adquira o livro nas livrarias das Irmãs Paulinas, livraria Mensagem e na discoteca Valódia.

 Boa leitura.

A sua opinião na participação Social.

Lembra-se:
UMA LEITURA MAIS CONHECIMENTO.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

ANGOLA E O DESAFIO PARA O DESENVOLVIMENTO

Por: Bento dos Santos.

A realidade de vida na actualidade é diferente. Angola, assim como os demais países que constituem o nosso universo vivem mais um período único. Mais uma vez vivemos todos um período excepcional. E como tal, temos de reconhecer que toda nossa vivência sempre é diferente de qualquer outra. 

Apesar de sermos aparentemente as mesmas pessoas, em cada um de nós, diariamente ocorrem transformações físicas, psicológicas, e tantas outras que não adianta aqui filosofar. 

O desafio de Angola vir a superar os obstáculos que têm ramificações em diversos sectores como: a educação, a economia, a justiça, a saúde e outras áreas da vida social. 

Porém, estes desafios só poderão ser ultrapassados com a intervenção do principal elemento da vida social; no caso o homem. O conteúdo do parágrafo anterior talvez não representa nada de novo. Tendo em consideração que não somos os únicos que fazemos eco das vozes sofistas, ou de tantas outras vozes, que hoje são seculares. Mas é necessário fazermos eco na perspectiva de sermos ouvidos por quem precisa ouvir a nossa voz. E como quase tudo que pressupõe o senso da racionalidade para nós humanos; para que as acções do ser pensante sejam postas em prática com o sentido da racionalidade que pressupõe no uso do juízo de quem procede em determinado momento da sua vida, vale a nossa persistência. 

Angola é um estado democrático de direito. E como tal, é um país liderado por um Presidente da República. Assim sendo, a voz orientadora do presidente de Angola, João Lourenço deve fazer eco na consciência de cada um de nós. 

O compromisso do nosso país vir a desenvolver não passa apenas por estarmos sentados e procurar identificar falhas ou insuficiências do governo, quando na realidade todos sabemos que a palavra "país" é um nome, assim como a palavra "pessoas" também é um nome. Mas a acção prática e real de cada cidadão, a acção prática e concreta de cada indivíduo constitui o realismo de vida de todo colectivo. Caso não fosse está a realidade de vida, o que seria do mundo se estivéssemos todos sentados a espera que as coisas acontecessem, pelo acaso da natureza? 

- O país está mal! 

- As coisas estão cada vez mais difíceis! 

- Assim não dá! 

Todas afirmações acima transcritas na forma imperativa são redundantes perante a pergunta; e agora? 

- Quem deve mudar o rumo do país? 

- Quem deve mudar o rumo das coisas? 

- Quem deve combater a fome, a doença, a pobreza etc. Entre nós, muitos sabemos o quão ruim podemos ser até a gerir a nossa própria vida. Mas é preciso ter coragem. 

Não é qualquer pessoa que tem a coragem de ficar em frente ao espelho e olhar para si mesmo vindo a reconhecer os seus próprios erros. 

A prova da evidência do que escrevo no parágrafo anterior, são as manifestações de tédio, de depressão e tantos outros sintomas psicológicos ou físicos que tem estado visíveis, devido a pandemia que nos remeteu ao confinamento. 

Muitos, se não tantos... não conseguiram, ou seja não aguentaram ter de se 《suportar》ter de lidar com a sua própria pessoa. 

O isolamento social e o distanciamento social devido a Covid-19 demostrou o quão frágil anda o conhecimento do nosso próprio eu. E porquê? 

Porque muitos de entre nós se ficarem com o seu próprio eu; se ficarmos com o nosso próprio eu, a máscara cai! 

A máscara cai, porque deixamos de ter em quem apontar o nosso dedo acusador. Sim porque é mais fácil alguém jogar o lixo na rua, e caso ser advertido para não ter aquele tipo de comportamento, e a pessoa pode responder apenas: 

- Não liga isto é Angola; 

- Aqui também já tinha lixo... ou pode responder qualquer coisa que falsamente o iliba da sua própria responsabilidade cidadã. 

E tal como foi referenciado no exemplo do lixo, também acontece em outras áreas da governação, onde é necessária a nossa acção como cidadãos. 

Mas este é um problema sobejamente conhecido! 

Porém, encontrar a solução é um assunto que tem nos passado muitas vezes de lado. E porque consta de muitas experiências, a solução passa por uma ampla acção integrada de processos, estratégias, ou seja lá que designação será melhor. Mas é necessário que estes processos estejam todos ligados ao sector da educação. 

Só com as pessoas detentoras de educação, só com as pessoas possuidoras de conhecimento poderemos ter as pessoas a participarem convenientemente na vida social cidadã. 

Como podemos obter a educação, a instrução o conhecimento, etc... 

Podemos fazê-lo de várias formas. Através das escolas, através dos centros de formação, por meio das instituições religiosas, por meio das distintas organizações da sociedade civil e de estado, pessoas singulares, enfim... 

O desafio para o desenvolvimento de Angola envolve um pensamento social para o exercício da cidadania de cada cidadão nacional ou residente no nosso país. 

A responsabilidade individual de cada cidadão para o desenvolvimento de Angola passa pela assumpção individual de que o país só irá mudar para melhor com a acção positiva de cada cidadão, independentemente do local onde se encontra.



domingo, 3 de maio de 2020

PORQUÊ QUE A POPULAÇÃO ANGOLANA NÃO TEM CUMPRIDO COM AS REGRAS DO ESTADO DE EMERGÊNCIA?




Por: Bento José dos Santos
Comunicólogo e Escritor 

No dia 27 de Marco, o Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço fazendo recurso a constituição e da Lei decretou o estado de emergência em todo território nacional, devido a pandemia do Coronavirus o Covid-19.

Com a implementação do Estado de Emergência, três cenários podem ser desenhados quanto ao cumprimento por parte população perante as limitações constantes do referido decreto.

O primeiro cenário corresponde as zonas urbanas onde vivem os cidadãos com maior poder económico, e consequentemente se especula que são as zonas onde vivem as pessoas detentoras de mais conhecimentos porque hipoteticamente receberam mais instrução formativa ou porque estiveram submetidos em processos de educação constantes e aprimorados.

Neste primeiro cenário a realidade prática tem nos levado a uma constatação diferente de muitos prognósticos sob a alegação de que, quanto mais conhecimento ter um cidadão maior é a probabilidade do mesmo cumprir as regras.

Será?

Lamentavelmente a prática tem demostrado que não.

Muitas pessoas destes bairros urbanizados que antes eram constituídos apenas pelos bairros do asfalto do centro da cidade de Luanda, na actualidade também integram as novas cidades como a centralidade do Kilamba, a do Sequele, novos bairros como o Nova Vida, Talatona, Patriota tornaram mais extensa a dimensão das classificadas zonas urbanas.

Avaliando o grau de cumprimento do Estado de Emergência por parte da população que reside nestas zonas, infelizmente a realidade constatada é que os moradores destas zonas não têm cumprido com as regras pétreas do Estado de Emergência.

Num segundo cenário podemos identificar os moradores dos bairros da periferia.

Fazendo jus as perspectivas, no interior dos bairros da periferia de Luanda, apesar destes bairros serem também formados por pessoas com níveis de instrução e de educação acima da média, infelizmente nestes bairros também vivem muitas pessoas que não tiveram instrução, outras que possuem níveis de instrução e de educação muito baixo e muitas famílias sem poder económico.

Quanto ao cumprimento das regras do Estado de Emergência, infelizmente por parte deste grupo da população também foi fictício. A maioria das pessoas que vivem na periferia também não tem cumprido com as regras do Estado de Emergência.

O terceiro cenário pode ser descrito com o ambiente institucional que envolve as empresas públicas e privadas, instituições, organizações, ministérios etc. Neste cenário foi possível constatar um elevado grau de cumprimento das regras ditadas pelo Estado de Emergência.

Com base nestes três cenários é possível ensaiar a avaliação do grau de cumprimento do Estado de Emergência, desde que se faça o cruzamento das informações provenientes da observação local, com as informações oficiais provenientes dos órgãos do Estado. Neste particular o cruzamento faz-se com as informações divulgadas pela "Comissão Inter-ministerial para a Prevenção do Covid-19, ou pelo Centro de Informação Sobre o Coronavirus ou Covid-19".

Creio ser concordante que a opinião preponderante que vigora é a de que a população não tem cumprido com as regras decretadas pelo estado de emergência.

Isto porque diariamente constatamos a existência de pessoas nas ruas a venderem sem a observância e cumprimento das medidas de prevenção, vemos as pessoas a se aglomerem sem a observância das normas de prevenção, enfim.

A pergunta: porquê que as pessoas não tem cumprido com as regras oriundas do Estado de Emergência?

Para muitos a questão preponderante no parágrafo anterior é de fácil resposta. Alguns dizem: "as pessoas não tem cumprido com as regras e as medidas do estado de emergência devido aos elevados níveis de dificuldades que vivem. As pessoas vivem sob pressão permanente das consequências da pobreza e por assim ser, entre ficar em casa e correr e o risco de morrer de fome, e ir a rua a procura do que comer, desde que, para tal, tenha que infringir umas tantas regras, claramente as pessoas preferem correr o risco de infringir as regras. Aliás infringir regras faz parte do dia-dia de muitos cidadãos.

Os constantes episódios de infração e desrespeito as normas são gratuitos e ocorrem a todo instante. Por exemplo, parece ser normal os cidadãos deitarem restos de comida no chão. Jogam papéis e outros resíduos sólidos em qualquer lugar. Fazem necessidades fisiológicas em hasta pública e tantas outras práticas que o anormal passou a parecer normal para muitos cidadãos.

A impunidade em Angola parece ser Lei.

Por conseguinte, também existe uma outra hipótese fundamentada no comportamento de um vasto número dos integrantes da população que primam a sua actuação na indisciplina e por assim ser, não cumprem as regras e com tal conduta influenciam o comportamento dos outros membros da sociedade.

Outra hipótese que tem sido defendida por alguns profissionais da comunicação é a de: "não havido uma estratégia integrada de comunicação para a mobilização da população" e por isso, as estratégias que o governo implementou não alcançaram o principal objectivo do estado de emergência.

Entretanto, com os três cenários descritos foi possível formular três hipóteses. A pergunta de partida se mantém: porquê que os indicadores sociais nos revelam que a maioria da população não tem cumprido com as regras decretadas pelo estado de emergência, sabendo inclusive que o não cumprimento de tais regras põe em risco um bem individual que é considerado o bem maior que é a vida?

Para tentar entender a possível resposta que se faz necessária para está questão, tivemos que ensaiar o nosso nível de conhecimento multidisciplinar. Como era previsível, de forma primária identificamos a existência permanente dos factores de índole social como sendo os influenciadores do activismo do princípio da casualidade linear ou simples, que pode ser aqui entendido como: "foi decretado o estado de emergência devido a existência de um vírus que está a provocar a morte de milhares de pessoas. Assim sendo, as pessoas vão entender que devem cumprir com as regras imperativas do estado de emergência, por formas a salvaguardar a saúde de cada um".

Num segundo momento, esperava-se que o efeito dominó vinca-se, devido as notícias que provêm de outros países que, assim como Angola antes não conheciam a realidade concreta das consequências da doença Covid-19, e quando está se instalou naquelas sociedades, como por exemplo na Itáliana Espanha e nos Estados Unidos de América o número de mortos que passaram a existir nestes países devido ao Covid-19 tem sido aterrorizantes.

Infelizmente, mesmo com a perseverança do governo através da iniciativa presidencial em decretar o estado de emergência, sendo inclusivé um recurso constitucional usado pela primeira vez em Angola, a população não tem cumprido com a sua parte, no caso, o cumprimento das regras para evitar a propagação da doença. Porquê?

No livro "Comunicação Para Mobilização Social Pressupostos Para Acções Colectivas" do qual sou o autor, lançado no ano 2019, no capítulo 2, nas páginas 41-46 "Conceitos Sociais: Perspectivas de Integração em Processos de Mobilização" assim como no capítulo 4, páginas 121-146 "Factores que Condicionam a Mobilização Social" e não menos importante o capítulo 5, páginas 155-160; "Problemas Sociais e Responsabilidades Colectivas" fica evidente que com recurso a ciência podemos entender as razões que têm constituído as barreiras para que possamos entender que, apesar da população saber do risco da doença, inclusive as suas eventuais consequências, ainda assim manter a intransigência no que corresponde a necessidade do cumprimento das regras para se evitar a propagação da doença do Covid-19.

Espero não ser mal compreendido, pois não estou a dar aulas a quem entende das ciências de comunicação. Este exercício buscar atender a necessidade de tentar contribuir para que, se possa formular soluções para um problema transversal, tendo em conta que é, por meio do comportamento social que cada integrante da população deve cumprir com as medidas decretadas no estado de emergência; que ao não ter um cumprimento por parte da maioria da população podemos tirar várias ilações negativas.

Mas porquê que as pessoas não cumpriram com as regras oriundas do estado de emergência?

No mês de Março do ano corrente o director da Organização Mundial da Saúde fez um pronunciamento que infelizmente não mereceu todo apoio para a amplificação nos meios de comunicação social a nível mundial, tendo sido desvalorizado a sua abrangência, mas que ficou registado devido a sua relevância.

"Em outros países vimos como o vírus acelerou a partir de certo limiar. O melhor conselho para África é que deve preparar-se para o pior desde já", disse o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma conferência de imprensa virtual.

Apesar do apelo ter sido lançado tardiamente, a realidade é que o pronunciamento do director da OMS sobre as consequências da propagação do vírus em África constituía uma advertência cheia de significados negativos para os líderes africanos.

A mensagem do director da OMS esteve carregada de avaliações negativas para o continente, quanto as instituições de saúde no que concerne as infraestruturas, assim como também a assistência médica e de fármacos.

Apesar do director da OMS apelar os governos dos estados africanos quanto a necessidade de terem que olhar para fora no que concerne a observância da assumpção de experiências e olharem para dentro a nível da adaptação para a prevenção, a realidade actual revela que as acções internas de muitos estados africanos não têm cumprido cabalmente com o objectivo previamente definido com o decreto do Estado de Emergência. E como temos redigido, infelizmente Angola não é uma excepção.

A mobilização social é um processo complexo. Mobilizar é processo muito diferente em relação o processo de difundir informação, seja notícia ou qualquer outro género jornalístico.

E por assim ser, é preciso entender que a ciência é um recurso que nos ajuda a reduzir a margem de virmos a cometer erros.

No universo da ciência da comunicação existem as teorias de comunicação básica que abordam estes assuntos, dai a razão de existirem outras áreas de especialidade da comunicação como: o marketing, a publicidade as relações públicas, a propaganda entre outras.

Outrossim, apesar do pensamento ter na sua constituição vários factores e recursos, a linguagem introspectiva tem um papel preponderante na forma de pensar das pessoas.

Em grande maioria o pensamento humano é formado pela linguagem introspectiva. E porquê que falamos do pensamento?

Falamos do pensamento porque o pensamento é um factor primário na definição da acção humana. Buscamos o entendimento do pensamento dos cidadãos de forma generalizada como balão de ensaio para percebermos o comportamento a relação dos cidadãos e as instituições do estado quanto a observância das regras provenientes destas instituições.

Neste âmbito, identificamos a falta de confiança. A falta de confiança é uma emoção que os cidadãos tem perante as instituições do estado advindo dos altos níveis de corrupção que o povo conhece. A falta de confiança dos cidadãos projecta incertezas nos pensamentos e tem consequências negativas no comportamento social dos cidadãos.

Muitos cidadãos não confiam nas nossas instituições públicas. Não confiam nos serviços prestados pelas instituições de saúde. A prova desta alegação é diária pela concentração de pessoas em frente aos hospitais. Não confiam nos serviços de segurança pública. Não confiam em tantas outras instituições do estado que é necessário trabalhar para resgatar a cultura da confiança das instituições do estado.

Dai a visão do Presidente da República de Angola em eleger o combate a corrupção como uma das premissas do seu mandato.

Quando as pessoas vivem com desconfiança vivem com medo; o medo origina o egoísmo na perspectiva de cada um tentar salvaguardar os seus interesses.

Assim sendo, se a população não confia nas instituições do estado a mesma população não respeita a Lei que oriunda destas instituições.

Apesar da população poder obedecer uma determinada Lei devido o seu pendor imperativo com consequência coerciva, a obediência de uma determinada regra não garante o cumprimento ou o respeito da referida regra, tendo em atenção que sempre que as pessoas terem oportunidade pela falta de supervisão o cidadão deixa de cumprir as regras.

A esta associada a credibilidade. A credibilidade é um valor que é originado das relações aliadas a boa reputação que se ganha com as pessoas com as quais nos relacionamos.

A estratégia de comunicação para a mobilização social devia antes de mais trabalhar sob perspectiva deste racional para a formulação de uma estratégia integrada de comunicação para adopção em massa das medidas derivadas do Estado de Emergência.

Independentemente das inúmeras consequências derivadas da falta de confiança, a falta de confiança não é o único factor que tem levado a população não cumprir massivamente com as regras do Estado de Emergência. Os factores económicos, os factores psicossociais foram sintetizados nos primeiros parágrafos deste texto quando referenciamos a consulta do livro Comunicação Para Mobilização Social Pressupostos Para Acções Colectivas.

O Estado de Emergência foi decretado devido a pandemia do Covid-19. Milhares de pessoas tem morrido devido está pandemia. Nações antes super poderosas revelaram a fragilidade dos seus sistemas de saúde que certamente irá originar uma mudança do paradigma mundial pós Covid-19.

Angola não deve encarar a toda está situação apenas como sendo mais uma prova do apreendizado da vida. É necessário aprender com os erros e não errar para aprender.

O mundo não muda apenas com a vontade ou com desejos. Antes de mais, o mundo e a vida mudam com acções.

Só com outras acções por parte dos cidadãos será possível fazermos uma outra Angola, que seja melhor para cada um de nós, pois a vida deve ser feita com mais consistência do que intensidade.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

*... SENHORES (AS) TENHAM PUDOR QUANDO FALAM DO VALOR DO PROFESSOR* _



Por: Bento José dos Santos  
Comunicólogo e Escritor  

Este texto tem uma essência que assenta na dualidade; posso até ser suspeito e ao mesmo tempo credível para abordar sobre o assunto. 

O facto de pertencer a uma vasta família que foi inclusive apelidada dos: "os da casa dos professores" o apelido que nos foi designado, antes de ser tido como se fosse um insulto, foi um reconhecimento, apesar de ser um reconhecimento informal o valor da grandeza desta designação está na sinceridade do reconhecimento dos moradores de vários bairros da cidade de Luanda que tiveram e que têm os seus a assistirem as nossas aulas. 

Nós nos congratulamos com o apelido, tendo em consideração que tivemos, e continuamos a ter a oportunidade de ter muitos moradores e ex-moradores da zona 15 e de outras zonas da cidade de Luanda, como nossos alunos, nossos estudantes, de vários níveis em função da classe que frequentaram. 

A realidade é que perdemos a conta de quantos alunos passaram pelas nossas aulas. Em cada casa um dos moradores da zona, entre os tantos que eram e são, alguns passaram e passam pelo aprendizado de um dos membros da "casa dos professores". Já agora, aproveitamos estender o apelido para um outro âmbito mais alargado. Pois o número de professores e professoras na família "dos Santos" é extensivo. 

No meu caso em particular, sou membro de uma família de oito irmãos. Felizmente todos temos na alma activa a experiência da docência. Fizemos uma vênia a nossa catedrática "a professora Sofia". 

Mas voltemos ao "foco" do tema deste texto. " Senhoras e Senhores... Tenham Pudor Quando Falam do Valor do Professor"... Como reza o adágio popular: "cedo ou tarde a máscara sempre cai". 

Vocês sabem o porquê que não tem simpatia pelos professores. Na verdade também não são obrigados a gostar dos professores. A vossa indiferença pela nossa classe opera como benção, pois a hipocrisia não tem durabilidade perante a razão. 

A forma como os supostos "donos da razão" tem abordado o assunto da educação revela muito mais do que estarem a fazer a figura do "bóbo da corte" em debates de animação. 

Caso contrário, porque não convocar muitos formadores de opinião para que activem a memória e... 

Será que já não lembram do porquê que enquanto alunos, sentados, ao verem um (a) professor (a) a entrar na sala de aulas se punham em pé? 

Creio que os poucos que estiveram sentados na carteira ou mesmo na lata de leite vazia, e apreenderam do porquê que se punham em pé, ao verem o professor ou a professora a entrar na sala de aulas, talvez ainda têm na memória que não se levantavam pela pessoa de um professor... antes sim, se punham em pé em reconhecimento ao sacrifício que aquela pessoa nas vestes de professor fazia, e faz, ao desempenhar uma profissão que não é bem reconhecida pela sociedade; uma profissão que não é bem remunerada; uma profissão que de tanto ser banalizada serve de rejeição no seio de várias famílias. 

Pois se já esqueceram, podem lembrar que se punham em pé devido o reconhecimento da dignidade daquela pessoa que se apresentava na sala de aulas como professor ou (a). 

Porque o professor ou a professora vai a sala de aulas e se sacrifica para ensinar. O professor sacrifica-se para iluminar a mente de quem anda na escuridão; e desta forma venham a ser os médicos e os enfermeiros que hoje estão na moda devido o Covid-19. 

Lembrem-se senhores e senhoras de fraca memória que os professores ensinam e assim formam as pessoas para que no futuro, que hoje é o presente de muitos entre vocês, que hoje são os deputados, que hoje são os ministros, que hoje são os administradores, que hoje são os governadores, que hoje são os políticos dos inúmeros partidos que existem, lembrem-se que entre vocês muitos são os que exibem o título de professor quando lhes convém a categoria de "professor" apenas para tentarem ganhar o reconhecimento da classe; como se o título de professor os torna-se sábios sem terem que passar pelos árduos processos para a obtenção de conhecimentos. 

Lembrem-se que os professores; "os professores de verdade" não os professores da moda 《》creio que sabemos quem são os professores da "moda" a que faço referência. O professor de verdade, é aquele profissional que ensina para que algo de compreensão chega e passa a ser o conhecimento dos alunos ou dos estudantes. 

Espero que se lembram que ninguem deve se levantar diante de um ser humano; as pessoas devem se pôr em pé diante da virtude que uma pessoa possuí; e os alunos se levantam diante de um professor porque estão diante da humildade que essa pessoa teve, de saber que está a ensinar para que as pessoas saibam, o que de mais belo existe neste mundo, no caso ser detentor do conhecimento e assim sair do mundo da ignorância. 

Portanto, senhores e senhoras, podem continuar a discutir se pagam ou não pagam as propinas... este é um problema legitimo para ser debatido por vós. Porém, não confundam o valor de um professor com o preço das propinas que pagam. Pois o valor de um professor, jamais estará ao preço dos vossos bolsos. 

Tenham pudor!  

segunda-feira, 20 de abril de 2020

*A MENSAGEM DO COVID-19*


_Por: Bento José dos Santos_ *  

 O vírus que alterou a rotina da vida mundial tem passado várias mensagens para a humanidade.  

É evidente que o Covid-19 não fala, e certamente não tem estrutura para escrever, gesticular, desenhar, ou para fazer recurso a um outro método que conhecemos para nos comunicar.  

Porém, nós humanos através da nossa capacidade de raciocínio, fazemos recurso ao método e assim passamos a observar, analisar, interpretar e deste modo podemos aprender a extrair lições de vida que podem ter origem de micro-organismos.  

As inúmeras informações que circundam em volta da doença que dominou o mundo sem fazer recursos ao material bélico, tem dominado as pautas de todos meios de comunicação social, e consequentemente o Covid-19 tem dominado a opinião pública.  

Crianças, jovens, adultos, idosos distintas gerações foram mobilizados involuntariamente pelo Covid-19. 

De repente as notícias sobre os assaltos, sobre a emigração, sobre o preço do petróleo, sobre os ataques terroristas, sobre a fome, os clássicos do futebol, os grandes eventos religiosos, as actividades políticas, as formações académicas, os casamentos e os divórcios, enfim... de repente as grandes actividades que dominavam o dia-dia da humanidade passaram a ser assuntos secundários perante a prioridade de acompanhar a epidemia do Covid-19.

Fazendo jus a prática a comunicação social a sua maneira de produzir "estrelas do mundo do espectáculo" com o Covid-19 não fugiu a regra. E assim, algumas instituições e entidades vão ganhando protagonismo, cada uma a sua maneira.  

Alguns vão se protagonizando na perspectiva de eliminarem a doença. Outros na tentativa de reduzirem o seu impacto.  

Como não podia deixar de ser, as redes sociais, tem sido uma das principais arenas da disputa da primazia da atenção do vasto público que nela navega pela internet.  

Porém, talvez por alguma ignorância, muitos entre o vasto público que faz uso das redes sociais, infelizmente ainda não perceberam que o poder de ser ou não influenciado está condicionado ao intelecto individual de quem faz uso das redes sociais.  

Todavia, a mensagem que o Covid-19 nos permite interpretar é simples e clara. Com a pandemia instalada, creio que sejamos poucos os que ainda não percebemos que afinal somos todos importantes. 

Por exemplo, para aqueles que estando em casa não podem cortar o cabelo; ao verem-se no espelho certamente mais uma vez valorizaram a importância do barbeiro. Tal acontece com as demais necessidades que temos: desde a lavagem do carro, o técnico de frio, a empregada doméstica, o jardineiro, o canalizador, o pedreiro, e tantas outras necessidades que fazem parte das nossas actividades e realizações diária.  

Outrossim, apesar de tantas necessidades o Covid-19 não tem sido suficiente para nos fazer perder a nossa vaidade. E mergulhados no egoísmo, mesmo confinados continuamos a disputar os nossos rótulos em forma de títulos.  

A saúde que parece não ter preço continua a minguar em forma de perspectivas. Talvez amanhã, talvez depois de amanhã, ainda não sabemos exactamente quando é que os pesquisadores dos laboratórios farmacêuticos vão conseguir nos apresentar a solução definitiva para conter está pandemia que é o Covid-19.  

No entanto, enquanto a solução não chega, o conselho, a ordem, a recomendação é: FICA EM CASA!  

A pergunta que não se cala, é: até quando?  

Portanto, uma das lições que podemos extrair da mensagem do Covid-19 é que somos todos importantes.  

Talvez sejamos uns mais importantes que os outros em determinados momentos, mas a realidade factual é que no campo social todos temos utilidade. Assim sendo somos todos importantes. 

*Bento José dos Santos* _ 
*Comunicologo e Escritor_