Por: Bento José dos Santos
“Os contextos são diversificados, mas as contradições mantêm-se.
Existe realmente diferença entre a experiência e o conhecimento profissional?!”
Atente as seguintes afirmações:
- “Empresa de renome internacional precisa para os seus quadros “Director Financeiro”, formado em Economia ou gestão com mais de cinco (5) anos de experiência profissional”…
- “Ele domina o assunto, mas lamentavelmente não possui a formação académica específica para a vaga que concorre”;
- “É um candidato que o seu perfil se enquadra com a vaga, só que não tem experiência de trabalho…”
- “Quase que seria o homem certo para ocupar esta vaga, entretanto, não fala a língua inglesa…”
São inúmeras as situações que podem inviabilizar o inicio ou mesmo a inserção profissional de um ou vários candidatos a uma determinada vaga. As que acabo de citar textualmente não extinguem a imensidão das hipóteses deste assunto muito debelado.
A questão do desenho e avaliação do perfil profissional é um tema tão polémico que dificilmente reúne consenso. Independentemente desta variante, actualmente a problemática tem evoluido para o ambiente interno de muitas organizações, onde de maneira reformulada se revê a questão sob contexto de qual das valências seria a mais importante…experiência profissional ou conhecimento académico científico?
Juca Fernandes funcionário de uma empresa fornecedora de serviços no sector petrolífero sente-se desmotivado. O mesmo alega que os trinta (30) anos de experiência profissional não têm sido justamente recompensados. Ele afirma que na sua empresa aparecem novatos nas vestes de senhores engenheiros a beneficiarem-se de mais compensações do que ele…entretanto, segundo Juca Fernandes, estes engenheiros não possuem a capacidade prática de executar as tarefas que lhes recai em função do título académico, cabendo a ele a missão de realizar as tarefas mais complexas, como se, o dito engenheiro fosse ele próprio…
Noutro quadrante, muitos gestores de áreas operacionais se justificam alegando que o volume de trabalho que sobre eles recai é tão extenso, que acabam por ficar sem tempo para executar e acompanhar cabalmente as tarefas das áreas operacionais, ficando geralmente pelo segmento administrativo (ocupado com reuniões, despachos etc.), ficando deste modo terciarizada a responsabilidade de execução prática das acções aos técnicos… e vão mais longe, alegando que os operários de base ou mesmo intermédios, só sobrevivem graças a capacidade psicocientifica dos detentores de conhecimento científico!
Entretanto no meio deste cenário levanta-se outra questão, que convém desde já, delimita-la conceitualmente…
O quê a experiência?
O dicionário electrónico de língua portuguesa “Priberam” define experiência como uma palavra que deriva do (latim experientia, -ae, ensaio, prova, tentativa) o que significa conhecimento adquirido por prática, estudos, observação, etc.
Segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre, em epistemologia, experiência é o contacto epistémico (geralmente perceptual) directo e característico com aquilo que se apresenta a uma fonte cognitiva de informações (faculdades mentais como a percepção, a memória, a imaginação e a introspecção). Para alguns filósofos (Descartes, por exemplo) aquilo que se dá a qualquer uma dessas faculdades é experiência (embora ele não utilize essa palavra, mas sim a palavra pensamento).
Sintetizando com base nos conceitos expostos podemos definir a experiência como a prática de vida, ensaio, ou ainda o facto de a pessoa ser capaz de experimentar, reconstruir e modificar algo, podendo também interpretar a experiência como a forma de verificarmos um fenómeno físico, experimentando algo através dos nossos sentidos.
Quanto ao conhecimento…
A definição clássica de conhecimento, originada em
O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto. Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos o conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um processo, podemos então olhar o conhecimento como uma actividade intelectual através da qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa.
Conclusão
Não existe uma separação entre a experiência e o conhecimento, uma vez que ambas qualidades são intrinsecamente dependentes, diferenciando-se na sua aplicação, uma vez que ao se ganhar experiência esta a se obter conhecimento e vice-versa.
O que deve se propagado de forma correcta quando se pretende distinguir o valor profissional dos quadros é o uso do termo técnico “know-how” que na tradução literária na língua portuguesa “compreende-se como saber fazer”.
Outra forma que pode-se ser tida como a mais correcta a quando da distinção de valores profissionais é baseado na prática. Um funcionário pode ter mais prática em relação ao outro, o que pode servir de item para a ficha de avaliação de valor.
Assim sendo o conhecimento profissional será a integração de tudo o que aprendemos de forma especifica durante a nossa formação e vivência profissional, e para tal a vivência será baseada em situações de experimentação, é ai que reside o nosso real valor profissional...na experiência que por sua vez é também o nosso conhecimento!
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